Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Total

Bacchiacca, séc. XVI


Existirá ainda revolta
Dentro da compreensão total?
Existirá ainda amor
No eco espasmódico da dor?
E na rebelião final,
Caminharás, assim, como quem volta?

Haverá ainda o meu peito
A esperar-te, tão insegura...
Haverá um Deus para te dar,
Indestrutível na sua essência pura.
E, na tua madrugada a espreitar,
Afago-te no seio do teu leito...

Permanecerá, ainda, o ideal
Sequioso de crescer e transformar
Calmo e agitado, num tempo e lugar,
Aberto ao teu reencontro fatal.
Menino: tarefa por realizar,
Nas premissas do holocausto final.

Ana

4 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Quanto mais leio seus poemas, fico mais perplexa. É um mundo poético que questiona, aprofunda, tem um quê de metafísica que nos faz ler e reler.
Os blogs fizeram isto, um fenômeno na verdade, propiciaram a possibilidade de que poetas de primeira sejam conhecidos mundo afora.
Vc tem aqui uma fã. Do outro lado do mar.

claudio rodrigues disse...

Há sempre esperas, alguém que espera, a espera. Dentro dessa incompreensão total, as esperas alimentam a alma.
beijos grandes do brasil

Laura disse...

Fiquei tão viciada no seu blog. já li todas as entradas e espero ansiosamente por uma nova. Escreve tão bem !
Os dias têm sido muito nublados, professora Ana. Não há " sol " por agora.
Beijinho

Ianê Mello disse...

Que belíssimo poema, Ana!

A esperança deve amenizar a dor e nos dar forças para prosseguir.

Este poema me faz lembrar das palavras de António Machado y Ruiz: Caminhante não há caminho, faz-se o caminho ao andar.

Grande beijo.

PS: Ana, estou na dúvida se você se tornou seguidora no meu blog.