Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O sagrado e o profano

Diocese de Portalegre e Castelo Branco



Um dia depois estamos na Beira profunda. Montes que sobem e caem em abismos. Labirintos que nos desafiam.
Passou tanto tempo. Procurei tanto outro tempo. 
Vamos ao encontro de um amigo -  Padre, Cónego há cinquenta anos. Haverá festa, jubileu a sério. Quarenta padres num altar, o seu sermão, amigo, padrinho cónego. Onde estou? Sempre procurei. Deus existe, Arquitecto etéreo, que se perde pelos rituais.
O Zé no limiar e eu olhando-me lá atrás, num tempo antigo, fervorosa, quando o ritual, por algum tempo acomodava os meus dias.
Só uma grande Amizade me faria estar aqui e regressar nas palavras:


Cónego Lúcio Alves Nunes




Meu Deus

Este silêncio é Teu...
Nele enche-se de canções
A trémula luz que sou eu.
Eu, breviário de de tímidas orações!
Que exaltação humilhada
Quando leio em Teu nome
E a minha alma apaixonada
Treme de Amor e de Fome!

Ana (1978)





VÁRZEA DOS CAVALEIROS/Agosto de 2010

17 comentários:

Andradarte disse...

Sabe que vivi na Covilhã, com um tio Monsenhor, e assisti a uma festa parecida,ainda ele era cónego... e
perto de Castelo Branco...engraçado.
Beijo

Nilson Barcelli disse...

Uma bonita homenagem.
Querida amiga, bom fim de semana.
Um beijo.

Gerana Damulakis disse...

Desde 1978 a poesia te habita, Ana.

Bípede Implume disse...

Querida Aninha
Sentida homenagem.
Tenho uma ligação com Deus muito livre, sem regras nem dogmas...mas acredito.
E o teu poema-oração, comoveu-me.
Bom fim de semana.
Beijinhos.

Terezinha Bordignon disse...

Lindo poema! Admiro sua habilidade para lidar com as palavras!

Beijos

Terezinha Bordignon disse...

Lindo poema! Admiro sua habilidade para lidar com as palavras!

Beijos

Cristina disse...

Bom fim de semana,Ana.
Lindo Poèma.
Bisous.

Blogadinha disse...

"Beira profunda"...
Com toda a interpretação possível, e no entanto tudo já está dito. Gostei.

duarte disse...

olá ana.
Da memória dos rituais religiosos pouco me resta , apenas uma fé inquebrantável em querer outros mundos.
Tenho na terra e na agua , recordações do rostos suados ou de rugas macias, a cidade já vai longe , encontra-se parada e sem aromas.
presto homenagem a todos os seres que desfazem o impossível.
abraço do vale

Laura disse...

Que bonito professora :)

Dalva Nascimento disse...

Aninha...

a homenagem é mesmo sensível, e teus versos falam-me muito... Deus, em seu silêncio ensurdecedor, sempre falou-me muito alto na alma... mesmo nos rituais.

Beijinhos

afonso rocha disse...

Nem mais...

detesto homenagens póstumas...

Parabéns Ana
Beijo...para Ti..
e ao Alentejo...
onde nasci

afonso rocha disse...

Tenho um quadro da série "As pirâmides do Poder"...que tem por título...o mesmo deste post.
O sagrado e o profano.

Podes vê-lo no meu blog:
http://afonsorochaescultura.blogspot.com/search/label/Pintura%20-%20T%C3%A9cnica%20Mista

Beijo

Fernando Campanella disse...

Beleza de postagem, Ana, que poema mais lindo e sensível. Um abraço, minha amiga.

Maria Luisa Adães disse...

Quando escrevo a Deus, ou falo com Ele é sempre em poema. Ele é poesia
e no silêncio, O encontramos.

Deus está atento aos homens, à fome
à miséria pungente.

Mas eu acredito que o mal está mais à vontade no mundo, do que Deus.

Se Lhe pedirmos com Fé, Ele atende, mas demora mais do que esperamos e não gostamos.

O mal está no mundo!
Deus tem de descer ao mundo,
e por vezes há locais onde Deus não pode descer.

Adorei sua Oração.

Maria luísa

Henriqueta disse...

É muito mais profundo do que se imagina... também recuei no tempo...

irneh disse...

Que boa recordação!!! Há quanto tempo!!