Belmonte, José Alves |
NOTA PRÉVIA PARA OS MAIS INCAUTOS: não há coincidência entre o real aparente e o imaginário. As minhas palavras não são autobiográficas e não se destinam a ninguém. São palavras e eu gosto de as juntar. Talvez nasçam de algum dia cansativo de trabalho, do voo de uma ave, da luz do amanhecer, de alguma fugitiva nostalgia...
Poderia dissertar sobre teorias literárias, mas este não é o meu espaço de trabalho e não considero plenamente literário aquilo que escrevo. Assim me sinto desculpada.
Preciso desta nota, para responder a algumas pessoas que me têm questionado sobre o assunto.
Não devia, sem dar, fazer nascer o repartir,
Não devia vir onde me afasta o meu ir...
Este encontro nascido do regresso,
Esta alma nua a virar almas do avesso!
Não queria ser suave e ser ferro;
Não poderia ser o gérmen do erro.
Não queria fazer vergar se estou a vacilar,
Não podia partir no meu sentido ficar!
Meu Deus, isto que lanço, isto que invento,
Isto que é um aproximar, um pressentir,
Jamais veio de mim ou do meu intento!
Senhor, por que sou um não sei quê que faz sentir
Um desencontro de protegida dormindo ao relento?
Por que sou a perturbação de quem me pede p'ra sorrir?
Ana
14 comentários:
Depois da prévia.....não vou dar palpite, simplesmente que adorei
este soneto...
Beijo
Bravo! Bravíssimo!
Lindo fotografia...
Beijinhos, Ana.
Razáo de mais para apreciar a tuas palavras...
Tudo o que nace direitamente de un coraçäo, de um estadio da alma, duns sentimientos que queres compartir, säo un presente que nos ofreces, desprovisto de intereses e de preço.
Assim, que con mais motivo:
Obrigada, querida amiga.
Um beijinho
Minha querida amiga
Todo poeta é um fingidor... Escreve o que vai n'alma... E nem sempre representa a realidade...
Lindo o que escreve!
Mais uma vez chego em postagem que revela sua sensibilidade linda!
Tenha uma tranquila semana.
Muitos beijos.
A confusão entre o sujeito poético e a pessoa do autor é frequente.
Mas não há confusão no teu poema: é excelente.
Querida amiga, boa semana.
Beijos.
Olá Ana, bela fotografia e soneto...Espectacular....
Cumprimentos
Ei Ana!
quanta suavidade , eu também
"sou um não sei quê que faz sentir..."
Beijos flor!
Querida Aninha
O que nos fica é o acto criador e esse só a arte explica.
Os "banners" mudam com tanta frequência e cada um mais bonito.
Boa semana,amiga.
Beijinhos
Isabel
Amada Ana,
Bravo!
Abraço fraterno,
Adriano Nunes.
Lindo, lindo, escreve sempre tao bem. Beijinho saudoso
Um soneto em forma de lamento, de queixume.
A faceta sensível de uma alma à procura de um caminho.
Gostei bastante porque o senti.
Beijinhos
Ana, um beijo e um abraço. Cheguei de viagem, segui tuas sugestões em Málaga, gostei tanto da cidade!
Este yru poema é particularmente belo, li-o algumas vezes. Lembrou-me este abaixo da Hilda Hilst que, embora diferente, me pareceu ter algo a ver, talvez o sofrimento da ambiguidade. Um beijo e saudade.
"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela/
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera./
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra./"
Hilda Hilst
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