Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

terça-feira, 29 de maio de 2018

Cruzo a planura

Alto Alentejo, 2018




Cruzo  a planura. Dispersas, as vidas, alcantilam-se nos ermos. Ondulam, rubras as frágeis papoilas. O tempo, que me foge, corre e encurta o que resta do caminho. Parece-me que estamos de regresso...como nas antigas casas dispersas, deste meu mundo, só a telefonia - sim, chamemos-lhe assim - me traz os ecos de um mundo que fervilha. Sei que, não longe, se atropelam nas ruas ignotos seres que se ignoram uns aos outros. Aqui, vou saudando os desconhecidos que cruzo na distância e a resposta é efusiva. É bom estar aqui, mesmo quando a consciência do mundo nos atropela.

(Trabalho excessivamente...já se sabe.)





Ana

quinta-feira, 24 de maio de 2018

O Lugar da Memória



Júlio Pomar

        Olhar e sentir
por dentro do corpo a massa de que é feito o avesso dele.
Ossos músculos nervos veias
tudo o que está no corpo e mundo é
a pintura contém e depõe na tela e
se acaso aí o pintor deixou reservas
nesse sem nada o avesso do mundo se
recolhe e mostra a face.

Júlio POMAR, TRATAdoDITOeFEITO









Se Penso, Existo

Se penso, existo; se falo, existo para os outros, com os outros. 

A necessidade é o lugar do encontro. Procuro os outros para me lembrar que existo. E existo, porque os outros me reconhecem como seu igual. Por isso, a minha vida é parte de outras vidas, como um sorriso é parte de uma alegria breve. 

Breve é a vida e o seu rasto. A posteridade é apenas a memória acesa de uma vela efémera. Para que a memória não se apague, temos que nos dar uns aos outros, como elos de uma corrente ou pedras de uma catedral. 

A necessidade de sobrevivência é o pão da fraternidade. 
O futuro é uma construção colectiva. 

António ARNAUT, in As Noites Afluentes



domingo, 20 de maio de 2018

Reflexão do dia

José Alves -  Avis, 2018

Ao longe, o Sul assiste pasmado aos sucessos (acontecimentos) destes dias. 


segunda-feira, 7 de maio de 2018

Nos arredores

José Alves, Suíça, 2018


Serenas sossegam
quietas as águas
Carregam inquietas
antigas as mágoas

E o sonho do Homem
germina e acalenta
Arredores se percorrem
na névoa que enfrenta

Ao ritmo dos dias
o degelo alimenta
o flagelo distante
que a aragem lamenta


Ana