Remedios Varo
De punho erguido
ao sol eu caminhei
entre baionetas
da traição e do terror,
semeei em campos
o que era a dor
e das cinzas fiz um berço
que embalei.
Com uma foice
a ternura arranquei
de um pé de trigo
que o vento transportou
para uma mó
onde o velho bruxo desenhou
o círculo eterno das estrelas feito lei.
No velho monte
ouço o som de uma bigorna.
ao sol eu caminhei
entre baionetas
da traição e do terror,
semeei em campos
o que era a dor
e das cinzas fiz um berço
que embalei.
Com uma foice
a ternura arranquei
de um pé de trigo
que o vento transportou
para uma mó
onde o velho bruxo desenhou
o círculo eterno das estrelas feito lei.
No velho monte
ouço o som de uma bigorna.
Mil espadas cravam esta brisa morna
que me atormenta o corpo,
que me seca a alma.
Ah! Planície,
onde tens os olhos?
Onde mora a raiva
que ceifaste aos molhos?
*
Só no céu a lua
dorme doce e calma!
que me atormenta o corpo,
que me seca a alma.
Ah! Planície,
onde tens os olhos?
Onde mora a raiva
que ceifaste aos molhos?
*
Só no céu a lua
dorme doce e calma!
24 comentários:
gosto muito da imagem das montanhas e das planícies, ana. e o som da bigorna parece mesmo trazer lembranças ancestrais. beijo grande!
Ana,
Vim conhecer o seu blog. E com muito agrado encontro agrado nos versos e prosas que encontro, onde se percebe uma pena hábil, imaginativa e bem polida.
Bom fim de semana, Ana.
Beijinhos.
Que atracción,de palabra y visual !!!
Gostei muito deste poema ! :) Beijinho
dorme, posta em sossego.
Belíssimo poema.
Bjs
A excelência das palavras, num ciclo eterno do punho erguido à lua doce e calma.
Belo poema, minha amiga. Gostei imenso.
Beijos.
Minha querida amiga
Que maravilhoso poema, adorei.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
Dos grandes! Farto em símbolos e a maestria de quem lida com eles poeticamente. Dos grandes, repito.
Querida Aninha
Não podemos dissociar os teus poemas da tua condição de ser portuguesa e alentejana. Um fascínio. Que força.
Sabes o que mais me custa,ainda sobre o mundial, é a completa falta de responsabilidades. Está feito e mal feito e "andor que está calor". Grrrr...
Bom fim de semana, amiga.
Beijinhos
Isabel
Bom fim de semana no nosso alentejo abrasador!
Beijo
Poema delicioso :)
Beijinhos
Se à paz basta um olhar, o que será quando ela começar a falar...
Matando saudades por aqui.
Bonito poema.
Bom fim-de-semana!
Bem bonito,
esbelto,
esta seu poema!
Beijinho
Ana, vim conhecer este seu belo espaço de belas imagens...belos poemas...Espectacular....
Cumprimentos
Forte poema em símbolos, Ana, e, como disse a Nydia, que evocam vivências ancestrais. E eu digo que é a alma ibérica, ou até mais longe, acredito, a ancestralidade celta. Há símbolos mágicos, a criação do mundo do círculo, dos dramas, das dores... a lua parece, no final, ser o grande elemento feminino que subjaz à dor, paz.
Gostei muito disto:
semeei em campos
o que era a dor
e das cinzas fiz um berço
que embalei.
Bjinhos, minha amiga.
Voltei para reler o teu poema.
Desta vez concluo que é dos melhores que fizeste.
Mas quanto mais se lê, mais se gosta...
Minha amiga, boa semana.
Beijos.
Ana, lembrei de Bandonga: a destemida deusa celta que era adorada no sul de Portugal [Évora]. Era do reino de Avalon da parte da mitologia lusitana.
Não sei se foi nela que pensou ao confeccionar o poema ou se foi uma feliz coincidência [para mim]. Que ficou belo, ficou, ô se ficou!!
Beijus,
Claro que pode professora, esteja à vontade. Eu agradeço :)
Beijinhos
Cada palabra es como una tenue y delicada pincelada; parece que vuelan y que son capaces de alcanzar un desierto sin pasar desapercibidas.
Precioso.
Obrigada, amiga mía.
Un beso desde la nave.
a pazzzzzzzz invadiu o meu coração,derepente se fez em paz (lembrei-me desta canção)
carinho
Querida Aninha
Mudei de fornecedor de serviço. Não correu lá muito bem. Estive dois dias sem Net. Hoje, depois de horas infindas de espera, conseguimos ter Net.
Vim só deixar um beijinho.
Isabel
Ana,
Muito belo! Parabéns!
Abração,
Adriano Nunes.
P.s.: Desculpe a demora em vir aqui! Vida de médico!
A eterna planura
A sede de uma fonte
Um sol ardente
de um deserto,
rogando uma sombra
e um afago...
Lindo minha amiga.
beijos,
Maria Luísa
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