Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Recuso

Carlos Botelho


Recuso toda a pieguice
Da minha atribulada meninice!
Recuso seguir os caminhos já trilhados
Onde se enlutavam almas
E se pisavam cardos.
Acuso os hábitos de vossas vidas,
Tão distantes das verdades proferidas!
Acuso a mentira que habita o nada e o tudo
E que polui, suavemente...
Num gesto parado e mudo!
Recuso o comodismo
Dos que julgam ver direito, plenos de estrabismo.
Recuso o ser vendido, o ser comprado
Em recantos da vida onde o dado é roubado.
Acuso toda a moleza...
Que distancia os que amam
A verdade e a pureza!
Acuso os que se deixam
Pela cobardia limitar
E se afastam de fardos que deveriam suportar.

Recuso servir a mentira
Ainda que ela surja ao som de lira.
Recuso ser julgada e ao que acuso julgar
Porque não uso o gesto torpe de matar ou condenar.

Ana

10 comentários:

sofia disse...

Olá professora !
Sempre bons textos ! :)
Beijinho

Gerana Damulakis disse...

EXCELENTE!Fiquei até sem saber o que escrever.

MARU disse...

Belo poema, pleno de sensibilidad, de grande e altos sentimentos...
Me uno a você nos gestos, nas palavras, nos sentimentos...
Recuso todos os sentimentos que provocam dôr e lágrimas na humanidad.

Um beijinho, grande, querida amiga.

Fernando Campanella disse...

E recusas muito acertadamente, minha amiga, e estou contigo nisso, pois busco um coração destemido, e limpo. Poesia sincera, foto maravilhosa, intrigante. Grande abraço.

Dalva Nascimento disse...

Aninha, estes fortes versos batem forte em nossas atitutes tantas vezes acomodadas...

Bjs, bjs.

Andradarte disse...

Uma questão de princípios..ou valores..
É todo um poema lindo e que
dá para pensar..
Beijo amiga.

Maria Luisa Adães disse...

Esse "Recuso" está esplêndido!

Forte,
Firme,
Verdadeiro,
Honesto,
Sincero,

bem escrito, bem definido, nas razões da recusa e eu o aceito e o
admiro, pela força da verdade que dele emana, a cada linha que leio.

Bravo, minha Senhora,
Bravo, pela sua lealdade!

Com amizade e respeito por essa "Recusa" a felicito!

Eu sou, um pouco, ou muito, assim!

Maria Luísa

Bípede Implume disse...

Querida Aninha
Adoooro Carlos Botelho. A maneira como via Lisboa.
O poema, és tu. Limpo e directo ao nosso coração.
Dada a minha info-analfabetice, tenho tido problemas em postar.
Mas.. iupii.. lá consegui.
Beijinhos amiga, tudo de bom para ti.
Isabel

claudio rodrigues disse...

eu tb recuso a mentira, com veemência. Que forte o seu poema-juramento!

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Ana, belo poema...Espectacular....
Cumprimentos