Pobres na Praia, Picasso, 1903 |
Tu não viste... aquela tumba suja,
Aquele chão donde a fome exalava;
Tu não viste a Natureza mãe e escrava,
A miséria à espera que a morte surja!
Aquele catre imundo, para morrer...
Ah! Aquela colher suja que tremia,
Mas não iria cumprir o seu vital dever.
A desgraça era tão fraca que nem comia!
Não viste as lágrimas sujas na face louca?
Agradeciam o que nunca lhes fora dado...
Ai, ter-te-ias, como eu, envergonhado!
Terias, como eu, a voz funda e rouca...
Como se falasses de um segredo amaldiçoado.
Terias, talvez, escondido a tua face e chorado!
Ana
Açores |
SOMOS, TALVEZ, «POBRES NA PRAIA» ...
18 comentários:
Por vezes parece mais cómodo virar simplesmente a face para não ver. Se muitas das pessoas com responsabilidades - e quem poderá dizer que não as tem? - vissem aquilo que se passa diante dos seus olhos, o mundo seria de certeza diferente.
E não e mais facil fingir que nao se ve ? http://www.youtube.com/watch?v=0JFX3L6r8BI
Eu tenho muitas saudades de estar ai tambem.
Grande beijinho
Aninha,
teu lirismo expõe tão cruelmente essa vergonha que é a nossa indiferença...
Tocante e lindo poema, querida!
Bjs!
A irradicação da pobreza vai sendo feita mas muito lenta, lenta, lentamente.
É dramático!
O teu poema é exaltante.
Bjs
Claro que deverei pedir desculpa:
Quando escrevi «irradicação»
DEVERIA TER ESCRITO
ERRADICAÇÃO
Que belo soneto Ana...
Espero por mais...
Beijo
Querida Aninha
Tão pungentes,tanto as palavras como a miséria que ainda existe.
Beijinho e boa semana.
Isabel
è..por vezes cegamos convenientemente..........calamos e nos deixamos ensurdecer.
afagos
Ana,
Um poema tocante...
é que o claro - e aceite - aumento da pobreza é aviltante e uma vergonha para uma boa parte da Humanidade neste século.
E de tal maneira é já uma realidade que quase não nos damos conta de quão trágica é a sua dimensão.
Bem hajas pelo poema!
Beijinho para ti, Ana
Um belo Picasso a emoldurar
um belo soneto!
Beijinho
Um belo soneto que revela as muitas máscaras que se usam para mascarar a realidade.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 28/10/2010
Minha querida amiga
Muito profundo e sentido este poema.
Por vezes é mais comodo virar as costas à miséria, infelizmente.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
Belo poema!
Ainda bem que não vi
teria sofrido por nada fazer
mas sendo assim:
"Tomava o lugar dos indiferentes
e era igual a eles".
Mas ainda bem que não vi!
Beijos,
Mª. Luísa
Lindo soneto.
Um beijo
Flor
La pobreza qué difícil mirarla a la cara.. que fácil no mirar y no sentirnos responsables y seguir nuestra existencia sin implicarnos ni compartir.
Besos!!
Querida Aninha
Beijinho de bom fim de semana.
Isabel
Bom fim de semana, Ana.Beijinhos.
Que soneto, Ana! Vou reler, sonetos pedem releituras.
Enviar um comentário