terça-feira, 27 de setembro de 2011

Num exemplar das Geórgicas

Xul Solar - Argentina







Os livros. A sua cálida,
terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão leais.
Tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.

Eugénio de Andrade


(Assim andam os meus dias... mergulhada em livros.)

5 comentários:

  1. Ler Eugénio de Andrade é sempre agradável.
    Beijos, querida amiga.

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  2. Sabes Eugénio
    Meu amigo, quase camarada
    Não me rodeio assim
    de livros que gostem de mim
    como pessoa amada
    Os que vejo à minha frente
    os que estão ao meu lado
    e os que atrás de mim
    terão deixado um tanto a medo
    falam-me de inquietação
    do desassossego
    e de uma terna e esperada
    alvorada

    Meus livros não são dóceis e calados
    Meus livros mordem-me na alma

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  3. Como eu gosto de Eugénio de Andrade, dos seus poemas curtos e tão lindos.
    Tão cheios de significado, como este:Os livros, amorosa companhia, tão dóceis, tão calados, tão leais...

    Está em muito companhia, minha amiga. :)

    Bjo

    Olinda

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  4. e não precisamos de mais nada, pois não, Ana? Os livros não cobram nada e são sempre nossos amigos. beijinhos

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  5. Mergulhar em livros e nadar no fluvial e transbordante ardor de cada dia... não consigo pensar em nada mais tranquilizador... :) beijo

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