quarta-feira, 9 de abril de 2014

Diz-me...

Ángel Botello Barros


Diz-me que a escola acabou e que a professora nos marcou muitos deveres de casa que eu, de empreitada, os farei num só dia para poder andar em correrias pela aldeia, sulcando ruas brancas de empedrado onde escorrego e caio. Dizem-me que hei-de partir os dentes, pois sou uma cabrita. Só não sabem que também corro pelos campos contíguos sorvendo a brisa adocicada do manto amarelo dos tremoceiros. Só não sabem que, num ímpeto, escorrego pelo viaduto e que como as flores doces dos marmeleiros. Só não sabem que correr assim pela planura me molda asas livres de menina e me esculpe o espírito. 
Dizes-me que sou uma rapazona, mas como? Mas como, se o gato se anicha confiante no meu regaço, confiante na minha meiguice?
Diz-me que o tempo não passou e que todos estão ainda lá e que este aperto que sinto quando o dia declina é apenas a ânsia de correr livre pelos campos em redor...

Ana

21 comentários:

  1. Digo-te, sim digo-te

    Podes correr
    mesmo que seja mais pesado
    a cada novo amanhecer

    O tempo passado
    que passou
    pode voltar a passar
    basta teu querer
    a cada novo amanhecer

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  2. Vencedora com vontade...
    A empreitada com êxito vencer
    Na correria da liberdade
    Pelo campo a florida paisagem ver
    Com alegria, esperança e felicidade!

    Um abraço para você amiga Ana Tapadas.
    Eduardo.

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  3. Aninhas, digo-te tudo quanto queiras porque o teu texto é doce , terno e me levou de volta à infância...

    Fraterno abraço, minha linda

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  4. Um belo texto
    de mulher doce
    que não se verga
    e nos faz voar em liberdade
    à semelhança dos pássaros

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  5. Cheira a liberdade, este texto...

    Gostei muito.
    beijo amigo

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  6. Digo-te amiga, que ambas fomos meninas felizes num tempo que não volta mais.

    beijinho

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  7. Como é bom ser criança e correr pelos campos, sem deveres que pensar.

    Um retorno à infância?

    Beijinhos

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  8. .

    .

    . há palavras que se aninham ternas e somos então regaço para as aconchegar .

    .

    .

    . um beijo meu .

    .

    .

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  9. inteira e livre, por entre memórias cálidas!

    e livre no voo - até derreter as asas no Sol.

    beijo

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  10. Querida Aninha
    Tudo tão bonito.
    Tudo tão certo, tão límpido.
    E cá vou atrás das minhas traquinices... também,com muito sol.
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Isabel

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  11. Em Abril

    que vivam os cravos vermelhos

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  12. Um belo texto, que mostra toda a liberdade de uma menina......
    Obrigado pela sua visita
    Beijo

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  13. Minha querida Ana

    Enquanto te lia, senti-me a correr de cabelos soltos ao vento e com os cheiros da planície nos sentidos,

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  14. O tempo passou, Ana, mas mantém-se a "ânsia de correr livre pelos campos em redor". Ainda bem, digo eu.

    Beijo :)

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  15. Se fecharmos os olhos, o tempo não passou...

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  16. O tempo é uma coisa tramada. Os fios entrelaçam-se e vemo-nos enredados nas recordações, na saudade, no desejo de um regresso ao passado, com laivos da antiga urdidura no presente...

    Deixemos o espírito voar pelos campos contíguos...ou até onde os olhos alcançarem. Ou mesmo para lá do horizonte. :)

    Adorei o teu texto, querida Ana.

    Beijinhos

    Olinda

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  17. Oh, como a travessura e ternura da infância nos faz bem!
    :)

    Beijinhos

    E Boa Páscoa!

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  18. Oi, Ana!
    A saudade sempre bate quando olhamos o caminho do tempo e percebemos como muito do que vivemos já se apagou. Prefiro não pensar em quem já partiu - se morreu ou simplesmente saiu da nossa vida, que de certa forma, também é uma espécie de morte.
    Beijus,

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  19. Um texto muito belo. Podes sempre ter alma de criança e com ela a liberdade que convocas...
    Um beijo e boa Páscoa.

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  20. Olá, Ana!

    Deixei um pequeno presente no link abaixo! :)

    http://instantaneospretobranco.blogspot.pt/2014/04/um-presente-recebido-presentes.html

    Boa Páscoa!

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  21. Gostei muito deste teu recordar de tempos que já lá vão.
    Fizeram-me lembrar os meus... onde também havia uma rapazola que brincava com os rapazes e até subia aos muros e árvores...
    Ana, querida amiga, tem uma boa Páscoa.
    Beijo.

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