segunda-feira, 11 de agosto de 2014

«Singularidade»

José Alves, Minho
Acontece-me muitas vezes, nos quentes dias de Verão, quando enfrento o vazio e o nada que as férias verdadeiras implicam, nessa urdidura de encanto e de contemplação, escolher leituras inquietantes. A aridez analítica da minha vida profissional corre o risco de me deformar o olhar sobre a vida. Assim, interesses múltiplos acolhem os meus breves tempos livres.
O autor que apresento no «post» anterior, lido no original e por isso sem traição tradutora, acompanhou-me nos seus oitenta e oito anos. Colocou-me perante o momento anterior ao, dito, Big Bang e interrogou-me sobre o momento posterior à questionável expansão do universo. Tantas são as teorias e tão poucas as certezas, por ora incompreensíveis para a natureza humana. Jean d'Ormesson resolve, em parte, a sua inquietação aderindo ao cristianismo na justa dimensão de teoria do amor ao próximo. A única que aceita. Nesse sentido, julgo, o cristianismo é um humanismo. 
Houve um tempo em que pensei assim, talvez volte a esse lugar mental. Hoje, acomodo-me em zonas de alguma turbulência ecléctica. Faço parte dos que acreditam que a teoria das singularidades físicas e outras de igual grandiosidade não salvam o Homem de estar a entrar numa espécie de nova era das trevas, uma espécie de Idade Média globalizada.
Não sou a única:
«Uns atribuíam essa decadência da civilização à economia, outros à globalização da informação, outros à fragmentação da informação, outros à fragmentação e à instrumentalização da política por agentes mercenários, outros ainda a causas mais ou menos estranhas ao controlo humano, do aquecimento global a outro tipo de catástrofes. Enfim, o catálogo é longo e, como se vê, é preciso uma dose estratosférica  de optimismo e inconsciência para defender que algum daqueles perigos tenha sido afastado» (Super Interessante, 196 - As Trevas).

Só não podemos desistir!




12 comentários:

  1. Esse título «Singularidade»,
    não desistir, gostei da final
    porque incertezas em Portugal
    são tantas como a realidade!

    Um beijo.

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  2. Gosto de leituras que põem a pensar e nos desacomodam.

    Beijinhos

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  3. Se encontrar, lerei pois gosto da língua e o tema interessa-me.

    Onde compraste? É que, incompreensivelmente, a Bertrand do Chiado (coração da capital portuguesa), não tem livros franceses!!

    Boas férias e que essa frescura tão linda do Minho amenize a aridez da tua vida profissional quando a ela regressares,

    Boas férias, amiga :)

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  4. Olá, São!
    Pois...o meu filho trouxe-me este exemplar de Paris.

    Por cá o Francês foi arredado das prateleiras.

    bjs

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  5. É sempre bom ler aquilo que nos deixa a pensar...
    Quanto à "decadência da civilização" pode ter muitos motivos, mas talvez o principal esteja na imensa falta de solidariedade que se instalou em todos nós...
    "Só não podemos desistir", é verdade.
    Um beijo, Ana.

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  6. Aqui estou lendo.....Nunca
    é tarde para aprender...
    Beijo

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  7. Boa noite,
    A degradação da humanidade, a falta de dignidade desta, é impingida unicamente pelos agentes políticos que são submissos à economia especulativa, estão amarrados por livre vontade em defesa dos seus interesses pessoais e dos interesses do poder financeiro privado, os ditos agentes políticos, se tivessem um pingo de vergonha,defendiam a economia produtiva a bem do povo.
    Dia feliz
    AG
    http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/

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  8. Olá Ana!
    Singular e impressionente texto que dá para refletir e tirar dele ensinamentos e questionarmo-nos, superar as vivências que nos condicionam.
    O meu abraço,
    Jorge

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  9. O que ilumina a existência é a esperança!
    :D
    Beijus,

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