terça-feira, 10 de novembro de 2015

JUSTITIA MATER

Vladimir Kush


Nas florestas solenes há o culto
Da eterna, íntima força primitiva:
Na serra, o grito audaz da alma cativa,
Do coração, em seu combate inulto:

No espaço constelado passa o vulto
Do inominado Alguém, que os sóis aviva:
No mar ouve-se a voz grave e aflitiva
Dum Deus que luta, poderoso e inculto.

Mas nas negras cidades, onde solta
Se ergue, de sangue mádida, a revolta,
Como incêndio que um vento bravo atiça,

Há mais alta missão, mais alta glória:
O combater, à grande luz da história,
Os combates eternos da Justiça!


Antero de Quental



 Nenhum homem é por natureza escravo.
Ζήνων ὁ Κιτιεύς
(Zenão de Cítio, séc. IV A.C.)

20 comentários:

  1. Faça-se justiça em Portugal,
    essa palavra tão proclamada,
    prendem sem culpa formada
    o que é que investigam afinal?

    Tenha uma boa noite amiga Ana, um abraço.
    Eduardo.

    ResponderEliminar
  2. Excelente escolha, belíssimo poema.
    Um abraço
    Maria

    ResponderEliminar
  3. Há mais alta missão, mais alta glória:

    Essa, de que nos fala o Poeta
    e mais aquela
    que assinalo nesta data

    ResponderEliminar
  4. Muito bom post para o dia de hoje, Aninhas!

    Apertado abraço :)

    ResponderEliminar
  5. ~~~
    ~~ Palavras de quem ousou singrar
    por um caminho diferente na política,
    ~~ em busca de mais justiça social.

    Uma escolha inteligente e justa, Ana.

    ~~~ Abraço amigo. ~~~
    ~ ~ ~ ~ ~ ~

    ResponderEliminar
  6. Amiga Ana.
    Não podias ter escolhido melhor poeta e poesia para a defesa dos ideais socialistas.

    Um beijinho agradecido

    ResponderEliminar
  7. Gostei de reler o Antero de Quental.
    Um escritor meio esquecido...
    Continuação de boa semana, querida amiga Ana.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  8. A justiça (ainda existe, com J maiúsculo?) anda por tão maus caminhos...!
    Pertinente a convocação do Antero, Ana!

    Uma boa semana :)

    ResponderEliminar
  9. .

    .

    . "não há longe nem distância" . entre Antero e o dia de hoje .

    .

    . um beijo meu .

    .

    .

    ResponderEliminar

  10. Antero, grande nas suas palavras e nas suas aspirações.
    Vítima, talvez, da pressão de voar tão alto e de uma
    saúde frágil.
    É sempre um prazer lê-lo. Obrigada, querida Ana.

    Bj
    Olinda

    ResponderEliminar
  11. Boa tarde, poema que revela a fragilidade do homem, ler Antero de Quental vale sempre a pena.
    AG

    ResponderEliminar
  12. Olá, Ana!

    Os sonetos, a poesia de Antero de Quental não foi e não é de fácil interpretação.
    Considero-a até uma poesia um tanto rude e "agressiva".
    Homem de fortes convicções, que achava únicas e as mais acertadas, polifacetado também, foi muita "coisa" desde operário a tipógrafo, enfim, a rotatividade do seu pensamento era constante e acérrima (tb esteve em Paris. Este pessoal "zarpa" quase todo pra esta cidade, ainda não percebi bem a razão, ou melhor, até percebo: liberdade, fraternidade e igualdade) e embora tivesse nascido nos Açores (sabes, eu acho os ilhéus pessoas mais sãs, mais calmas do k as do Continente. Não sei se estes serão os adjetivos mais propícios, mas é pelo menos aqueles que, de momento, encontro para as definir) nunca foi sereno. Para mim ser sereno, tranquilo, não vociferador, não significa ser acomodado, e mto menos escravo do que ou de quem quer k seja, entenda-se!

    Este soneto está repleto de tudo o que lhe abarcava o cérebro: revolta, sede de justiça (quem a não tem?), "incêndios", tumultos, sangue e mto negativismo.
    Enfim, ainda há "Anteros", por aí, embora estes já vivam no século XXI, e ele viveu 200 anos antes, e nada se repete da mesma forma.

    Sofreu vários anos de distúrbios bipolares, acabando por suicidar-se com dois tiros no banco de um jardim em Ponta Delgada. Não venceu as atrocidades e intempéries da sociedade, tendo sido esta que o venceu a ele, embora num ato isolado, doentio e nada social da parte dele.

    Dias com esperança!

    Beijos.

    ResponderEliminar
  13. Ana,

    belo soneto:
    imagino que nos fala
    de luta:
    a do homem
    versus Elementos da Natureza;
    mas, principalmente,
    a luta
    que o homem
    trava pela justiça
    criadora e protectora (porque é "mater"),
    nem sempre coincidente com
    a Aplicada!

    Um abraço amigo.

    ResponderEliminar
  14. Não, por vezes deixamo-nos enrredar na escravidão... Mas é possível melhor, eu acredito!

    Beijinhos, boa semana

    ResponderEliminar
  15. Já Antero se referia aos eternos combates da Justiça....
    Bfs Beijo

    ResponderEliminar
  16. Querida Aninha
    Venho deixar-te um beijinho e que estes novos dias de esperança continuem.
    Mais beijinhos.

    ResponderEliminar