quinta-feira, 24 de abril de 2014

Pátria



José Alves, Monsaraz

Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Do longo relatório irrecusável

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas

- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro

Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo.



Sophia de Mello Breyner Andresen

11 comentários:

  1. Não sei se o que leio é hino ou bandeira

    mas é mais que um símbolo, pois estes se escrevem com traços e não com estes ternos e doídos versos:

    " - Pedra rio vento casa
    Pranto dia canto alento
    Espaço raiz e água
    Ó minha pátria e meu centro

    Me dói a lua me soluça o mar
    E o exílio se inscreve em pleno tempo."

    ResponderEliminar
  2. Olá, Ana!
    A sua presença no meu pequeno Blog é um bálsamo. Fico feliz em recebê-la, sempre.
    Um grande beijo e que a paz de Deus esteja sempre contigo.

    ResponderEliminar
  3. Um belíssimo poema de Sophia....
    .................
    Volta à barriga da terra
    que em boa hora o pariu
    agora ninguém mais cerra
    as Portas que Abril abriu....
    Bom Feriado
    Beijo

    ResponderEliminar
  4. Plante em seu coração a sementeira do amor,
    pois assim ampliarás o seus dias de alegria.
    Que o senhor ilumine os seus caminhos levando a tristeza sempre pra longe,
    bem longe de você.
    Enchendo seu coração com a divina fé,
    Continue a ser essa pessoa maravilhosa que você é,
    e seu coração estará a onde
    estiver a sua alegria de viver.
    Um feliz e abençoado final de semana.
    Beijos paz e luz ,Evanir.

    ResponderEliminar
  5. Minha querida Ana

    Uma bela escolha...adoro a poesia de Sophia e este poema é soberbo.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

    ResponderEliminar
  6. Grande poema de uma grande poeta.
    Magnífica escolha.
    Ana, querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  7. Está longe de ser dos meus poetas preferidos, mas gostei muito deste poema :) beijinhos

    ResponderEliminar
  8. Bem bonito!
    Agora tenho vídeos sobre o tema 25 de Abril, hoje, no Centro Cultural de Lagos.
    Estarão lá até Julho.
    Beijinho para si!

    ResponderEliminar
  9. negros são os dias de degredo. e do exílio interior.

    que não voltem!

    gostei de ler aqui tão belo poema.

    beijo

    ResponderEliminar
  10. Gosto sempre de ler a Sophia. Ela sempre disse tudo o que gostaríamos de dizer sobre esta pátria onde "me dói a lua me soluça o mar
    E o exílio se inscreve em pleno tempo."
    Obrigada por tê-la aqui.
    Um beijo.

    ResponderEliminar