sexta-feira, 23 de julho de 2010

No silêncio dos olhos




GUSTAVE CAILLEBOTTE



Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho  se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?


J. SARAMAGO, Os poemas Possíveis

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