sexta-feira, 13 de maio de 2011

Prémio Camões 2011

Jornal de Letras
MANUEL ANTÓNIO PINA - Camões 2011

« O facto de ter chamado a esse livro, ainda não editado, Últimos Poemas implica a ideia de fim, de medo da morte?

Toda a poesia, e provavelmente toda a arte, toda a filosofia, todas as religiões, são, acho eu, movidas pelas perguntas fundamentais: "De onde vimos?" "Para onde vamos?" E, já agora, também pelo "Quem somos?". Isto é, pelo medo. "Riste porque tens medo", escreve Bataille. Poder-se-ia acrescentar: escreves, ou tens fé, porque tens medo. Acho que é Borges quem diz que os temas de toda a literatura se podem reduzir a dois, o amor e a morte. O amor, através do sexo, está ligado ao abismo da origem do ser; a morte ao do seu desaparecimento.
É natural que os homens, perante tais abismos, se interroguem e, porque não encontram respostas, tenham medo. Talvez por isso a generalidade das religiões inclua uma cosmogonia e, simultaneamente, concebam um destino: para responder ao medo.

Como sente as várias homenagens que lhe estão a prestar? Ainda sem saber o que fazer?

E sem saber o que dizer. Há muita generosidade, mas também muita imprudência, em tudo isso. Eu, que me conheço, é que sei.

Este é mais um tempo de cronistas ou de poetas?

Estes são (todos são) "tempos de indigência" e, como Drummond diria, «Nenhum tempo é apropriado à poesia.»

(in Jornal de Letras, 12 de Maio de 2011)

8 comentários:

  1. Um prémio muito bem atribuído.
    Para além de uma obra vasta e de qualidade, o MANUEL ANTÓNIO PINA é uma pessoa modestíssima.
    Querida amiga, bom fim de semana.
    Beijos.

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  2. Amiga:
    Infelizmente conheço pouco a sua obra, mas já li alguns dos seus poemas aqui na net, este até o guardei nos meus favoritos porque o achei simplesmente genial.

    " A poesia vai acabar, os poetas
    vão ser colocados em lugares mais úteis.
    Por exemplo, observadores de pássaros
    (enquanto os pássaros não
    acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
    entrar numa repartição pública.
    Um senhor míope atendia devagar
    ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
    poeta por este senhor?» E a pergunta
    afligiu-me tanto por dentro e por
    fora da cabeça que tive que voltar a ler
    toda a poesia desde o princípio do mundo.
    Uma pergunta numa cabeça.
    — Como uma coroa de espinhos:
    estão todos a ver onde o autor quer chegar? "

    Beijinhos

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  3. O seu blog continua lindo, sensível e interessante, Ana. É sempre bom voltar aqui. :-)

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  4. Un premio merecido,
    gracias por compartir el post.
    que tengas un feliz fin de semana.

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  5. Pra começar bem a semana, trago-lhe uma ginástica espiritual.
    O ministérios da saúde aprova: pode ser praticada por todas as idades.

    Que sua semana seja de vitórias!!!

    Para o Corpo

    Entregue ao Pai Celestial todas as tuas cargas, preocupações e tristezas.

    “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

    (Mateus. 11:28,30)


    Para a Respiração
    Respire apenas a atmosfera de paz, amor e felicidade.

    “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá a Deus”.

    (Hebreus 12:14)



    Para os Olhos
    Veja somente o bem em teus semelhantes.

    “O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem”.

    (Romanos 12:9)


    Para os Ouvidos
    Escute a voz de Deus.

    “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; Eu as conheço, e elas me seguem”.

    (João 10:27)


    Para a Mente
    Exercite exclusivamente idéias construtivas.

    “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há, e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”.

    (Filipenses 4:8)



    Para a Boca
    Pronuncie apenas palavras edificantes e caridosas.

    “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, por que somos membros uns dos outros”.” Não sai da vossa boca nenhuma palavra tope; e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade,e, assim, transmita graça aos que ouvem”.

    (Efésios 4:25, 29)


    Para o Rosto
    Sorria, sorria, sorria o dia inteiro.

    Regozijai-vos sempre”.

    (I Tess. 5:16)


    Para as Pernas
    Ande sem temer pelos caminhos em que Deus te guiar.

    “Não to mandei Eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andes”.

    (Josué: 1:9)


    Para as Mãos
    Una-as diariamente para uma oração especial.

    “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contendas”.

    (I Timóteo 2:8)


    Para o Coração
    Irradie sentimento de amor.

    “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor”.

    (I João 4:7,8 )


    Mais uma para as pernas, pois essas fraquejam de vez em quando e nos fazem cair, então melhor fortificá-las mais um pouco
    Tenha todos os dias contato com Deus.

    “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor requer de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benevolência, e andes humildemente com o teu Deus?”.

    (Miquéias 6:8)



    Depois dessa ginástica ter sido praticada diariamente, você olhará a semana que passou e só terá Alegria!!!

    Beijão no seu coração

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  6. E como Drumond dizia:

    Nenhum tempo pertence à Poesia...

    E eu que nada sou em relação a Manuel António me interrogo, tantas vezes, sobre os meus medos,
    minhas interrogações e minha "Fé"...

    E sinto, se não estará tudo misturado num único sentimento - "Os meus medos"

    "Homens de pouca Fé"...Jesus O Cristo, O Ungido - o disse.

    E eu digo : "mulher de medos camuflados em Poesia".

    Bom fim de semana

    Maria Luísa

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  7. nenhum mesmo!
    o meu escrevinhar, é de fome. nem medo tenho.
    abraço do vale.

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  8. Eu gosto muito do MAP.
    Acho que as opiniões que deixa em cada entrevista são de uma serenidade e domínio da ontologia muito apreciável.
    Tenho um livro de poesia dele.
    Já várias vezes me servi da sua obra para ilustrar edições.

    Foi uma excelente escolha para o Premio Camões

    Excelente ideia, Ana, teres editado esta parcela de entrevista.

    Bjs

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