quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

E@D

 

Rob Gonsalves


TEMPO

 

Tempo — definição da angústia.

Pudesse ao menos eu agrilhoar-te

Ao coração pulsátil dum poema!

Era o devir eterno em harmonia.

Mas foges das vogais, como a frescura

Da tinta com que escrevo.

Fica apenas a tua negra sombra:

— O passado,

Amargura maior, fotografada.

 

Tempo…

E não haver nada,

Ninguém,

Uma alma penada

Que estrangule a ampulheta duma vez!

 

Que realize o crime e a perfeição

De cortar aquele fio movediço

De areia

Que nenhum tecelão

É capaz de tecer na sua teia!

 

Miguel Torga, Cântico do Homem, Coimbra editora, p.p. 51-52


Muito devagar, muito devagar...que agora os dias do Ensino à distância nos maceram o olhar, difícil é chegar até este Sul. Muito lentamente irei saldando a minha dívida de visitas às páginas amigas.

                                                                Saúde!


18 comentários:

  1. Se com Torga
    me pagas
    o preço da tua ausência
    posso dizer-te
    que a nossa conta-corrente
    está saldada

    Ou, melhor dizendo
    eu é que fico devendo

    Saúde, da boa!

    ResponderEliminar
  2. Lindo poema escolhido e que bom te ver! Fazia tempo ! beijos, bons trabalhos por aí! chica

    ResponderEliminar
  3. Torga sempre foi um dos meus poetas favoritos.

    Li-o tanto ou mais do que li o meu avô...

    Obrigada e um abraço, Ana!

    ResponderEliminar
  4. Gostei desta sua escolha, embora para ser sincera, gostaria de qualquer outro poema que postasse de Miguel Torga que é um dos meus poetas de eleição.
    Abraço e saúde

    ResponderEliminar
  5. Neste tempo enclausurado e adiado, deliciou-me reler e apreciar o poema de Torga...

    Espero por ti o que for preciso, querida amiga. Beijinhos
    ~~~

    ResponderEliminar
  6. È sempre um prazer ler um poema tão belo
    Ana, grata por sua visita ao meu blog e sua apreciação ao poema da querida amiga Elvira
    Seja sempre bem vinda ao Sonhos e Poesia
    Um maravilhoso fim de semana
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  7. Bom dia Ana, obrigado pelo maravilhoso poema.

    ResponderEliminar
  8. Torga sempre me agradou.

    Minha querida amiga, abraço estreito e solidário nestes tempos complicados .

    Bom fim de semana :)

    ResponderEliminar

  9. Miguel Torga aqui num dos seus melhores poemas.
    Que melhor definição para o Tempo, essa entidade
    que transcorre inexorável sem atender às nossas
    razões?
    Adorei a tua escolha, querida Ana.
    Beijinhos
    Olinda

    ResponderEliminar
  10. Não podias teres escolhido melhor poeta e melhor poema querida Ana.
    Vem ao nosso encontro, ao teu ritmo...

    "Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade."
    Miguel Torga

    Um beijinho

    ResponderEliminar
  11. Uma bela escolha de um grande poeta.
    Obrigada pela visita e comentário tão generoso que agradeço imenso.
    Bom domingo!
    Beijinhos
    :)

    ResponderEliminar
  12. Ler Miguel Torga é sempre um gosto, qualquer coisa que nos faz bem. Que bom encontrá-lo aqui.
    Uma boa semana. Muita saúde.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  13. Um belíssimo poema a ilustrar este tempo que nos entisica.

    Boa semana! Levezinha.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  14. O ensino quer-se presencial, prático, físico...
    Pronto, há as circunstâncias, e mais vale um E@D que uma aprendizagem a voar. Porque nunca se sabe onde vai parar (saco roto?).
    Para além das evidências, fixo-me nas tuas palavras e no quanto elas encerram. O teu Sul tem uma guardiã de se lhe tirar o chapéu.

    Um beijinho, Ana :)

    ResponderEliminar
  15. Excelente escolha poética.
    O ensino à distância, com a experiência que tenho dos meus netos, é deveras pesado. Para os professores, para os alunos e para os acompanhantes das crianças. Mas isto vai passar...
    Bom fim de semana, querida amiga Ana.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  16. Miguel Torga no seu melhor e a verdade é que quanto mais a vida avança mais difícil se parece tornar a gestão do tempo.

    E não sem alguma ponta de ironia, os últimos 12 meses, em grande parte em confinamento, forçado ou voluntário, revelaram-se particularmente pouco produtivos.

    Um beijinho para ti

    ResponderEliminar