domingo, 25 de abril de 2021

Com Fúria e Raiva

 

                                                           

Fonte: https://www.abrilabril.pt

                                                   

Com fúria e raiva acuso o demagogo                                            

E o seu capitalismo das palavras

 

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada

Que de longe muito longe um povo a trouxe

E nela pôs sua alma confiada

 

De longe muito longe desde o início

O homem soube de si pela palavra

E nomeou a pedra a flor a água

E tudo emergiu porque ele disse

 

Com fúria e raiva acuso o demagogo

Que se promove à sombra da palavra

E da palavra faz poder e jogo

E transforma as palavras em moeda

Como se fez com o trigo e com a terra


1977. Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nome das Coisas,

Moraes Editores

17 comentários:

  1. Com Raiva e Fúria
    mas também
    com a persistente calma
    de quem assumiu a missão
    de passar a palavra

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  2. Bello poema para pensar. Los politicos en especial los politicos corruptos. Te mando un beso

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  3. Há muito que não lia este poema de Sophia de Melo Andresen.
    A poeta da paz sem vencedores nem vencidos, não era muito dada a escessos, mas o tema que tanto a incomodou é sempre atual, infelizmente.
    Grata por o trazer à luz.
    Boa semana, querida amiga. Beijinhos
    ~~~~~~

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  4. De todos os belíssimos poemas de Sophia, este é o meu favorito.

    Forte abraço, Ana!

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  5. Sophia maravilhosa em mais essa poesia! Linda! Faz pensar...Quantas vezes assim estamos... beijos, chica

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  6. Quis dizer que a Poeta ''não era muito dada a excessos''
    Lamento a falha ortográfica. Beijinho
    ~~~

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  7. Amiga Ana,
    Não podias ter escolhido melhor grito !

    Um beijinho solidário.

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  8. forceful words to "demagogue"....

    Have a wonderful spring

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  9. Excelente maneira de comemorar a nossa libertação!


    Beijinho, Ana, bom resto de semana.

    VIVA ABRIL!!

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  10. Os ditadores são exímios no uso manipulador das palavras.
    Este poema da Sophia é brilhante. Como quase tudo o que ela escreveu.
    Bom fim de semana, amiga Ana.
    Beijo.

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  11. Esses caras fazem o que querem
    com as palavras. Cruz credo!
    Beijos e beijos, muitos.

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  12. Ana,
    “Libertas quæ sera tamen!” (“Liberdade ainda que tardia!”), é a tradução mais exata de liberdade (aqui no “Brasil”), pois, antes tarde do que nunca.
    O clamar pela liberdade é pedra fundamental de uma sociedade conscientemente livre e nós, brasileiros e portugueses tão bem sabemos disso.
    Beijos e cuide-se bem!!!

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  13. Infelizmente, verifica-se que a manipulação
    das palavras faz-se em qualquer tempo,
    mesmo depois de conhecida a palavra
    "Liberdade".

    Belo Poema de Sophia. Um grito de revolta.

    Querida Ana, desejo-te um bom fim de semana.
    Beijo
    Olinda

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  14. Um escolha perfeita a assinalar o 25 de Abril.
    Gostei de ler.
    Feliz dia da mãe e domingo cheio de saúde e paz.
    Obrigada pela visita.
    Beijinhos
    :)

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  15. Sophia sempre a dizer o que era certo, como neste poema, que é um grito, uma revolta, na verdadeira "inteireza da palavra" que só ela sabia.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  16. Feliz dia das Mães. com muita paz e saúde.

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