sábado, 2 de outubro de 2010

Gliese 581.g

Vladimir Kush

Espera-se aqui um poema ou quase, porque já foi dito que só brinco com as palavras. Espera-se aqui uma brincadeira com palavras, mas isto não anda para brincadeiras...
Não, não me sei zangar. Aves de luz incendeiam o poente e seremos sobreviventes boreais. Caminharemos até ao limiar daquele horizonte distante onde os homens sabem que as coisas simples lhes trarão, sempre, sossegos inesperados. Somos mendigos de sonhos e esses não se deixarão abater pelos rigores da História.
Quando, compulsivamente, lia Arnold J. Toynbee mal saía da adolescência e acreditei que todas as civilizações: nascem, crescem e se preparam para a queda abissal. 
Não me tragas agora modelos e paradigmas.
A História atrai, mas não emociona. O meu destino é o infinito, onde uma poeira cósmica não é um padrão comum. O meu destino é o nada inicial para onde caminhamos inexoravelmente. Se lá no início estiver Deus, será bem diferente desta cacografia mundana.
O discurso moribundo dos economistas assola o meu país. O sebastianismo já grassa por sobre a desgraça...
E que tal partirmos, em naves de sonho, em nuvens de aves, para Gliese. 581g onde, talvez, haja seres impolutos, justos e fraternos?

Ana

Apolo11.com - Gliese.581g


14 comentários:

  1. Minha querida
    Um belo texto, como sempre.

    Deixo um beijinho
    Sonhadora

    ResponderEliminar
  2. "A História atrai, mas não emociona": é exatamente assim que eu vejo a História.
    Ana, vc não brinca com as palavras jamais. Creio que vc lida com elas intimamente, mas não brinca, usa-as com seriedade.

    ResponderEliminar
  3. Olá, amiga!

    Gostei muito do deu texto.

    O sebastianismo volta sempre.

    Agora,

    na forma dum planeta dessa estrela,

    onde talvez encontremos a redenção.

    Beijinho

    ResponderEliminar
  4. Mesmo sem ser num poema, brinca sempre com as palavras. E maravilhosamente.
    beijinho

    ResponderEliminar
  5. É, Ana!
    Somos mendigos de sonhos e esses não se deixarão abater pelos rigores da História.
    Eu também espero que não, porque se não sonharmos, morremos.
    Adorei o teu post.
    Um beijo

    ResponderEliminar
  6. Talvez...sim talvez...porque o mais
    certo é não encontrar em lado algum....
    Esperemos o D. Sebastião..
    Beijo

    ResponderEliminar
  7. Ana

    Obrigada pela visita
    Um beijo e um bloco de notas...
    O texto é lindo...
    gostei de o ler.

    ResponderEliminar
  8. Querida Aninha
    Este novo planeta que se encontra a 20 anos-luz da Terra, parece-me bem bonito, olhando a fotografia.
    Das tuas belas palavras retenho esta síndroma do nevoeiro que nos acompanha ao longo dos séculos.
    O que me fica é o prazer sempre crescente de te ler.
    Voltando à Quinta dos Loridos aconselho a visita a loja dos vinhos. Tem os bons vinhos Bacalhôa mas os Loridos foram uma surpresa. Tens o Loridos chardonnay, um pouco mais caro. Mas o Loridos rosé e o Loridos Vintage, mais em conta, são muito bons.
    Os Loridos só se compram lá.
    Minha querida desculpa esta prosa tão terrena... mas a vida precisa destes pequenos prazeres, também.
    Bom feriado.
    Beijinhos
    Isabel

    ResponderEliminar
  9. belo texto para uma foto sumptuoso.
    Beijinhos.

    ResponderEliminar
  10. As palavras sempre bem usadas a darem voz a um texto belíssimo. E não é que de repente me deu vontade de conhecer Gliese?

    ResponderEliminar
  11. Os tempos correm adversos.
    Sem dúvida.
    Faltam verdadeiros lideres;
    Faltam desígnios;
    É lamentável que seja apenas o futebol o único indutor de entusiasmos (Porém, já muito fracotes!)

    O regresso a uma certa ideia de casa de partida será difícil...

    O que realmente restará é cada um tentar o seu melhor podendo ser esse simples contributo algo que possa valer um módico.

    Bjs, Ana

    ResponderEliminar
  12. É o Homem que faz a História.
    Fugir-lhe, uma fuga irreal.

    Deambulação em forte concorrência com a poesia - gostei.

    ResponderEliminar
  13. Um texto bem real,sério e a hipótese de uma fuga que me agrada!!

    Abraço
    :)

    ResponderEliminar
  14. Ou então irmos para Passárgada, do Bandeira, Ana. Para além da Economia, da História, da Filosofia, temos a alma e sua essência, a utopia, a fantasia, nossa busca por um tempo onde o real é fantasia.
    Grande abraço, minha querida amiga.

    ResponderEliminar