terça-feira, 5 de outubro de 2010

VALETE FRATES!

     
     
    QUINTO / NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer.

Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,

Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!


Fernando PESSOA





11 comentários:

  1. Que mensagem tão actual. Obrigado pela visita e pelos comentários.

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  2. Impressão minha ou um certo desalento com o nosso país à conta do governo maravilhoso que elegemos e a crise que carregamos mas nunca quisemos?!

    Beijinhos

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  3. Não, Sara, nem uma coisa nem a outra e NUNCA deveremos usar a palavra «desalento». Apenas um tributo a Fernando Pessoa e à intemporalidade da Poesia, bem como aos símbolos das gravuras.
    Até amanhã e bjs

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  4. Belíssima escolha; de uma actualidade irrepreensível.

    Neste Centenário -- Não assistiremos a outro: imagino o estado em que o País estará, o mundo até! -- muita gente falou na crise da Iª República lamentando a reprise.

    Eu lembro-me -- Ramalho Eanes estava em Belém no seu primeiro mandato -- fala-se imenso da identidade nacional e no desígnios do país, temendo uma crise política/económica tal como a que se arrastou até ao 28 de Maio de 1926.

    Bom resto de semana, Ana.

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  5. Minha querida
    Uma linda mensagem, que nos dias de hoje continua actual.

    Deixo um beijinho e o meu carinho de sempre.

    Sonhadora

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  6. Muita da obra de Fernando Pessoa, nos seus diferentes heterónimos, é actual.
    Este poema é um bom exemplo disso.
    Eu até acho que continuamos nevoeiro...
    Beijos, querida amiga.

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  7. Sempre grandioso e actual o "nosso" Pessoa, Ana!
    Obrigada por me recordares mais uma vez este GRANDE Senhor!

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  8. é hora. com ou sem nevoeiro.
    abraço de um vale abraçando Douros.

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  9. Fernando Pessoa é intemporal, este poema é mais uma prova disso.
    Acho que estamos a deixar passar a hora e começa a ser tarde demais.
    Também já estava a tardar a minha vinda aqui para lhe agradecer o apoio na "A Voz das Palavras".

    Beijinhos

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  10. Ele é o grande de nossa língua. Sem dúvida.

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  11. Grande Pessoa, Ana, como gosto de sua alma, de sua complexidade e da beleza de seus versos.

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