Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Talvez as rosas

 

Cá de casa - Ana


    Talvez as rosas nos ensinem a lição mais simples. Quarenta e dois graus, de mais um dia que ferve, rondam a casa branca que, quase meninos, sonhámos construir. Formigas, paradoxalmente sonhadoras, ousámos o ciclópico labor. Moldámos, no esforço, aquilo que ainda somos.
    Lá fora, tu consegues trabalhar... eu refugio-me na "fresca" da casa, como por aqui se diz. Vou lendo, lendo, lendo. 
    Maria Zambrano, a filósofa espanhola, pareceu antever este tempo, desde os finais da Segunda Guerra Mundial



    
    "A objectividade, enquanto durar o império da máscara, eclipsa-se, como se o homem não estivesse nesse nível vital em que a luz havia sido de toda a cultura ocidental." (p. 123). 
    Desde a primeira página nos é dito que a Europa está em decadência. Hoje, parece uma redundância vir aqui dizê-lo! 
    Laboras, com infinda paciência na regeneração dos instrumentos, sob um calor abrasador, mas aquilo que fazes e me vens mostrar como menino que espera um elogio, recorda-me bem de quem és! Ainda bem.


Cá de casa - Ana

    Talvez as rosas que sobrevivem no jardim, debaixo do estio, nos recordem aquilo que somos, apesar dos desatinos do mundo. Talvez ainda haja esperança.



11 comentários:

chica disse...

Lindas tuas palavras e apesar de tantas coisas, aprender com a rosa nos mostra esperança! Lindo! beijos praianos, chica

Tais Luso de Carvalho disse...

Que rosa maravilhosa!!!
E o texto excelente, gostei de ler.
42 graus!! Uma loucura, tempos ruins por aí atualmente...
Mesmo assim deixo meus votos de um bom fim de um bom fim de semana.
Bjos, amiga!

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Ana!
Quando estive aí, em Braga, enfrentei os 40 graus e já lá vão decorridos 8 anos... imagino agora que o efeito estufa piorou tudo pelos países e pela Europa um fogo consome.
A rosa é de extrema importância para que não se perca a esperança de dias perfumados e mais felizes, com sensibilidade que ela oferta, como poesia nata.
A música também alivia a ardência do clima.
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos fraternos de paz

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Acabei de ver o que a senhora disse no meu Diário. Fiquei tão feliz que vim correndo agradecer. Obrigada, de coração!!!!

Ana Tapadas disse...

Só não me chame de "senhora" :)

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Hahahahaha!!!!!

Olinda Melo disse...

A rosa, belíssima, parece de cetim. Sob o calor abrasador nada
parece perturbá-la.
Houve tempo em que falava de Europa, lá no Xaile, do mito da Europa
raptada, do sonho europeu de Jean Monet, dos descaminhos da
Europa, da pusilanimidade da Europa, e mais algumas coisas que,
na actualidade, já não tenho forças para referir, tal o desencanto.
E é uma pena. Contudo, hei-de procurar o livro que estás a ler, querida Ana.
Beijinhos
Olinda

lis disse...

A cor rubra da rosa que se diz quente como a paixão inspira poetas e apaixonados, no entanto a quentura de um sol histérico só nos deixa sufocantes e aqui e bem comum ,Ana Espera-se que não atinja as florestas. No mais consegue--se driblar....
Muito linda a flor. Um forte abraço.

J.P. Alexander disse...

Las rosas son delicadas pero fuertes. Te mando un beso.

São disse...

Que maravilha de rosa!! Como seria bom essa beleza serena existir assim em todo o planeta...

Outra maravilha é as pessoas permanecerem iguais ao que sabemos delas.

A Europa já não existe enquanto entidade, só geograficamente.

Infelizmente, a minha esperança também deixou de existir: a minha geração , que passou por tudo, ainda tem muito a enfrentar e não vai sobreviver ao caos reinante .

Minha amiga, bom fim de semana e estreito abraço.

Rogério G.V. Pereira disse...

Lá, nessa tua casa
pega numa guitarra
e canta
a canção
cantada a Cosme e Damião
a sua casa cheira
Cheira a cravo, cheira a rosa
e a botão de laranjeira
Cheira a cravo, cheira a rosa
e a botão de laranjeira

Beijo inspirado