Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sábado, 28 de maio de 2011

Portugueses, um povo suicida

Salamanca - José Alves/2010


Assim se intitula o opúsculo de Miguel de Unamuno que hoje releio e que contém a resposta de Manuel Laranjeira, quando soube que o extraordinário iberista de Salamanca andava a escrever sobre Portugal.  São dezasseis páginas que vale a pena lermos nos tempos em que vivemos...





Aqui vos deixo um excerto:


« O pessimismo suicida de Antero de Quental, de Soares dos Reis, de Camilo, mesmo do próprio Alexandre Herculano (que se suicidou pelo isolamento como os monges) não são flores negras e artificiais de decadentismo literário. Essas estranhas figuras de trágica desesperação irrompem espontaneamente, como árvores envenenadas, do seio da nossa terra.
[...]
É horrível, mas é assim.

A Europa despreza-nos; a Europa civilizada ignora-nos; a Europa medíocre, burguesa, prática e egoísta, detesta-nos, como se detesta gente sem vergonha, sobretudo ...sem dinheiro. Apesar disso ainda há muita nobreza moral, ainda há pelo menos nobreza moral bastante para morrer, e ainda existem coisas bem dignas de simpatia.» (p.p. 10 e 11)



Memória para hoje:
«28 de Maio de 1926
Os diversos problemas que afectaram a 1ª República, tais como a participação na I Guerra Mundial e as sucessivas instabilidades, quer políticas quer económicas, levaram à formação de uma corrente oposicionista bastante forte. O operariado, os capitalistas e variados sectores da direita, temendo que Portugal enveredasse pelo socialismo dominante na Rússia, fomentaram a existência de grupos armados de extrema-direita, com o intuito de formar um  "governo forte " que melhor defendesse os seus interesses. Após vários golpes fracassados, como o que teve lugar a 18 de Abril de 1925, um deles foi bem sucedido: o de 28 de Maio de 1926.» (CITI - Universidade Nova de Lisboa)