Carlos Botelho |
Recuso toda a pieguice
Da minha atribulada meninice!
Recuso seguir os caminhos já trilhados
Onde se enlutavam almas
E se pisavam cardos.
Acuso os hábitos de vossas vidas,
Tão distantes das verdades proferidas!
Acuso a mentira que habita o nada e o tudo
E que polui, suavemente...
Num gesto parado e mudo!
Recuso o comodismo
Dos que julgam ver direito, plenos de estrabismo.
Recuso o ser vendido, o ser comprado
Em recantos da vida onde o dado é roubado.
Acuso toda a moleza...
Que distancia os que amam
A verdade e a pureza!
Acuso os que se deixam
Pela cobardia limitar
E se afastam de fardos que deveriam suportar.
Recuso servir a mentira
Ainda que ela surja ao som de lira.
Recuso ser julgada e ao que acuso julgar
Porque não uso o gesto torpe de matar ou condenar.
Ana