Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Flora
José Alves, Minho |
Dias de cinza...
Espalham-se ao vento
Alojam-se na seiva.
Rumor silencioso,
Tão breves sussurros...
Erguer-te-ás todavia!
Que a lonjura te acolhe
Lá onde germina o dia.
Olharás o horizonte,
Perseguirás outra fonte,
Ousarás o Verão!
Vigorosos, os homens
Serão multidão...
Dias na brisa
Frementes florescem
E da ruína
Da secreta esperança
Brotará tua sina.
Não cismes agora
Que Flora se esconde
Nos ares tristes,
Na cinza infesta,
Nos braços nus
De uma floresta!
Ana
sábado, 19 de janeiro de 2013
domingo, 13 de janeiro de 2013
Desassossego
Edgar Mueller |
Hoje, farta de notícias manipuladoras e de incúria, deu-me para reler excertos de Bernardo Soares, Livro do Desassossego. Retenho uma passagem, bem a condizer com os tempos que vivemos:
«Essas criaturas tinham todas vendido a alma a um diabo da plebe infernal, avarento de sordidezas e de relaxamentos.
Viviam a intoxicação da vaidade e do ócio, e morriam molemente, entre coxins de palavras, num amarfanhamento de lacraus de cuspo.
O mais extraordinário de toda essa gente era a nenhuma importância, em nenhum sentido, de toda ela. Uns eram redatores dos principais jornais, e conseguiam não existir; outros tinham lugares públicos em vista do anuário e conseguiam não figurar em nada da vida;[...]».
E, eu, que dizem ser eclética (ao ponto de usar o wok para saltear os meus cozinhados vegetarianos e para confeccionar as migas alentejanas), dou por mim a pensar que vivemos numa estranha ilusão óptica, ao jeito das composições de Edgar Mueller.
Vivemos o desassossego, essa estranha palavra de cinco «s» - nem precisamos de maiores simbologias...
Ana
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Relatório
Persepolis |
Enquanto o meu país definha e a Grécia agoniza, ocorre-me pensar em leituras antigas, daquelas que remontam ao séc. IV antes da era comum. Poderia ser Aristóteles, poderia ser Clearco e o seu De Somno...estaria em Delfos, na ilha de Chipre ou algures entre a Europa e a Ásia. Todavia, estou aqui. A fuga, o voo parecem-me apenas delírios. Hoje é impossível sonhar.
Ah, velhos impérios e novos declínios!
Ah, velhos e sábios e novos ignorantes!
Por onde andas, Clearco? Já não reescreves os ensinamentos do mestre, nem te exercitas com os pitagóricos?
Já não se reproduz, nas novas terras escravizadas, o velho ensinamento helénico?
Só a ruína perdurará no transcorrer dos dias?
Sibila não o serei, que só negros fumos saem destas piras, porém aqui te deixo - de memória - o basilar ensinamento:
Em criança, aprende as boas maneiras;
Em adolescente, controla as tuas paixões;
Em homem maduro, sê justo;
Quando envelheceres, dá bons conselhos;
Ao morreres, fá-lo sem remorsos.
Estranhos escritos agora te ocupam as jornadas.
texto integral |
Ana
domingo, 6 de janeiro de 2013
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Arrebol
Vicente, Alentejo |
O sol espraia-se mesmo se a terra escurece. O arrebol leva consigo a promessa de outros dias por vir. E, na fria aragem do poente, uma solidão pesada mas tranquila acalenta ideais indestrutíveis. A Verdade e a Justiça erguer-se-ão na quieta linha do horizonte. Fraternos acolheremos a alvorada!
Ana
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