Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Tempo incomum


O orador, Arthur Segal




Este não é o tempo da metáfora,
Nem da retorcida palavra ilusória.
Este é o momento linear...
Sem grifo, sem canto, nem vitória!

É o tempo da dura linha branca,
Da aguda palavra cristalina...
Inglória, anarcísica e milenar,
Numa curva da História, sibilina!

Ana

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Luz que nos cega


Sun Tamer

Vladimir Kush



Talvez o silêncio...

absoluta paz da planura.

Talvez o sonho...

que no ideal perdura.

Talvez a rectidão...

que em ti ainda dura.


Ana


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

A Sabedoria e a Alegria



Camélia - cá de casa, 2023



    "Vou ensinar-te agora o modo de entenderes que não és ainda um sábio. O sábio autêntico vive em plena alegria, contente, tranquilo, imperturbável; vive em pé de igualdade com os deuses. Analisa-te então a ti próprio: se nunca te sentes triste, se nenhuma esperança te aflige o ânimo na expectativa do futuro, se dia e noite a tua alma se mantém igual a si mesma, isto é, plena de elevação e contente de si própria, então conseguiste atingir o máximo bem possível ao homem! Mas se, em toda a parte e sob todas as formas, não buscas senão o prazer, fica sabendo que tão longe estás da sabedoria como da alegria verdadeira. Pretendes obter a alegria, mas falharás o alvo se pensas vir a alcançá-la por meio das riquezas ou das honras, pois isso será o mesmo que tentar encontrar a alegria no meio da angústia; riquezas e honras, que buscas como se fossem fontes de satisfação e prazer, são apenas motivos para futuras dores."
                                           
                                          Séneca                                       
(o filósofo ibérico de Córdoba, que se diz romano)




segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Partidas...que se aproximam

 

Blanca Alvarez


  Deixo o meu Alentejo e subo precipitadamente a Norte. Os ancestrais teimam em deixar-nos...agonia, amargura e dor  na expectativa da eterna viagem. 
    Depois, voltarei.


terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

A carruagem

 

Andrea Appiani (1754-1817), A carruagem do Apollo


Voltará Apolo a cruzar os céus
trazendo a Esperança,
a Luz da verdade e o Sol?

Cruzará Apolo o firmamento
protegendo da Lança e da destruição,
adornando o Cristo e a sua cruz?

Herança da Índia ou Europa remota,
semita de um lugar infindo e secreto,
traz-nos a Paz, devolve-nos ao Sonho!

Meu pitagórico Uno, embala o Futuro.

Ana


domingo, 4 de fevereiro de 2024

Ludicamente

 

Lisboa, 2024

    Percorro a cidade, ecos e vozes estalam contra o sol de Janeiro. 


Lisboa, 2024

   
    Há um descuido de urbanidade e decadência que um olhar mais atento desnuda. Desnorte subterrâneo onde os rumores se escondem.


Lisboa, 2024

    O olhar, farol do Amor, detém-se sobre os objectos amados. É a glória da Luz de olhares transformantes.


Biblioteca Nacional, Lisboa, 2024


    Os passos de regressos apaziguam os tormentos das almas inquietas.


Biblioteca Nacional, Lisboa, 2024

    "Bom dia"...familiar, ainda, este rosto que sorri, ou será a empatia que experimenta o desconhecido que vivo por todos os cantos do planeta? "Bom dia"...

    Ah, os livros...sempre os livros!

Acabou de sair a última versão

    Ocorre-me então mais uma tisana que sorvo com o aroma quente de uma amizade, neste lugar, tão presente! Bebam-na comigo, meus amigos:


"n.º 240 - Os livros quando são lidos por leitores apaixonados, alegres soltam suas folhas coloridas pelos ares da mente, guardião involuntário em todas as ocasiões. Este é um discurso cuja antiguidade reconstituo ludicamente enquanto escondo a ferida do tempo." Ana Hatherly


SINOPSE:
Estas Tisanas, pequenos poemas em prosa, foram um trabalho constante da vida literária de Ana Hatherly, iniciado em 1969. Durante a vida da autora, estes poemas conheceram várias publicações, sendo um grande número de novos poemas acrescentados e redigidos ao longo dos anos. A recolha que agora se apresenta tem por base a última revista pela autora, com um posfácio de Ana Marques Gastão.

As Tisanas são uma meditação poética sobre a escrita como pintura e filtro da vida. No seu conjunto formam uma espécie de cidade-estado construída pela escrita criadora... (Assírio&Alvim)



Já por aqui andámos juntas: