Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

domingo, 26 de janeiro de 2025

Hermínia

 

Enigma de um dia. Giorgio de Chirico.1914


    Chove copiosamente, como convém ao mês de Janeiro. Alagam-se os campos, molham-se os seres, escorre a lama, ali, onde o Homem contrariou a Natureza e estancou os desígnios do planeta.
    Apesar de ter nascido neste mês, numa madrugada de muita chuva, como a minha mãe gostava de recordar, gosto da chuva, mas tenho um medo absurdo do trovão. Sempre que o clima se extrema, sinto essa astrofobia, essa brontofobia irracional.
    Assim vão os tempos e os augúrios estão em consonância. Percebemos como o país se alaga e não resiste ao mínimo safanão, numa lama de indignidades diversas e de figuras titereiras.

Heitor e Andromaca. Giorgio de Chirico. 1912

    Não posso deixar de pensar nesse pintor admirável, nascido grego e feito italiano, quando olho o mundo que nos vai rodeando - ao perto e ao longe - a Humanidade vai perdendo os seus valores, a dignidade da Vida, a empatia, a compaixão e o cuidado...

As máscaras. Giogio de Chirico.1959


    Homens sem cabeça, num mundo surrealista onde um medievalismo bárbaro vai desumanizando os seres, enquanto a tecnologia avança pelas mãos de génios loucos que reverenciam o poder dos tiranos em proveito próprio e vão distorcendo o Mundo. 

    


3 comentários:

chica disse...

Gosto sempre dos teus escritos e colocaçoes!
Como tu, também morro de medo de trovões!
Aqui também qualquer chuvuinha tudo alaga!
E qual o teu dia de janeiro? Seja qual for, parabéns! beijos, chica

J.P. Alexander disse...

Estamos matándonos como sociedad y ni si quiera nos importa. Te mando un beso.

duarte disse...

Temos de pedir ao vento que sopre um pouquinhos mais as cabeleiras empoeiradas... Abraços do Vale.