Kunstmuseum em Zurique, Matteo Cozzi |
Biografia
Sonho, mas
não parece.
Nem quero que pareça.
É por dentro que eu gosto que aconteça
A minha vida.
Íntima, funda, como um sentimento
De que se tem pudor.
Nem quero que pareça.
É por dentro que eu gosto que aconteça
A minha vida.
Íntima, funda, como um sentimento
De que se tem pudor.
Vulcão de
exterior tão apagado,
Que um pastor
Possa sobre ele apascentar o gado.
Que um pastor
Possa sobre ele apascentar o gado.
Mas os
versos, depois,
Frutos do sonho e dessa mesma vida,
É quase à queima-roupa que os atiro
Contra a serenidade de quem passa.
Então, já não sou eu que testemunho
A graça
Da poesia:
É ela, prisioneira,
Que, vendo a porta da prisão aberta,
Como chispa que salta da fogueira,
Numa agressiva fúria se liberta.
Frutos do sonho e dessa mesma vida,
É quase à queima-roupa que os atiro
Contra a serenidade de quem passa.
Então, já não sou eu que testemunho
A graça
Da poesia:
É ela, prisioneira,
Que, vendo a porta da prisão aberta,
Como chispa que salta da fogueira,
Numa agressiva fúria se liberta.
Miguel Torga
Meus amigos, regresso com Torga. Obrigada, por toda a atenção e carinho. As peças começam a recolocar-se... Bom Domingo!
9 comentários:
Com a porta aberta da prisão,
para a liberdade a fúria se liberta
amiga Ana, se souber diga lá então
quando é que se abre a porta a Berta?
Tenha um bom fim de semana. Obrigado pela visito. Um beijinho amiga Ana.
Olá, querida Ana!
Sabes que estou sempre por aqui, mesmo com as mãos doídas (dou-te as duas, se necessário, para agarrares em momentos menos bons), mas, caramba é fim de semana e tenho o direito e o dever de estar com amigos, virtuais, sim, mas amigos, que considero muito íntegros e sérios.
Tu és alentejana que eu saiba, tal como eu, e não transmontana e o nosso lema nunca foi, não é e julgo que nunca será: "mais vale quebrar, que torcer", contudo acho que entendo, satisfatoriamente, esta "Biografia", que achaste por bem publicar, talvez porque te sentes com (um) caráter semelhante ao de Miguel Torga. Há poesias tuas, que acho demasiado retas, frontais e muito humanistas. Tu não escreves, desta forma, por escreveres, acho eu, escreves assim, porque a tua personalidade, o teu feitio é assim mesmo e também, talvez, tivessem existido ou existam causas para seres e expressares-te, desta maneira. Não ligues às minhas psicologias baratas, sem conhecimento de causa, embora tenha frequentado Direito e Psicologia aplicada ao ensino, mas os alunos são pessoas, donc...
Eu escrevo como escrevo, porque fui tratada como une poupée, une princesse, enfim, comme un petit bijou.
Todas as pessoas sonham, minha querida amiga, mas podem até parecer que não sonham. Algumas, talvez como este grande poeta e tu, quem sabe, gostam de sonhar para dentro e fazer uma festa de concretização dos sonhos, mas só para vocês.
Verdade que Miguel Torga era um vulcão de talento e tu, também, mas até as feições dele eram "fechadas" aos outros, ao mundo e tinha palavra de rei, como a gente diz por aí. Creio que apesar dessa força interna, há momentos em que "Os cavalos também se abatem", Ana, ou não será assim? Evidente que a pergunta não é para ter resposta, é mera constatação e cogitação minha.
A poesia de Torga e a tua chegam sempre, sem que esperemos, assim como que a lançar umas "farpazinhas" (influências de Ramalho Ortigão -rs), que até correspondem à verdade e tal como "preso" quando se vê fora da "prisão". Imparáveis, vocês e a vossa poesia. obrigada por este momento.
Beijinhos e coração ao largo (tu conheces a expressão e seu significado).
Torga é sempre prenúncio
de bom regresso
Contudo, tenho uma réplica
aos seus primeiros versos
Sonho, mas não parece.
E tanto quero que pareça.
É por fora que eu gosto que aconteça
(e embora lentamente
lá vai acontecendo)
Lindo e de uma grande riqueza interior. Beijinhos :)
Que bonito!! ;)
beijos!
https://ludantasmusica.blogspot.com.br
Faz bem ler Miguel Torga, Ana. Espero que estejas bem. Desejo que estejas mesmo bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
Gostei do teu regresso e da escolha poética.
Espero que estejas bem.
Continuação de boa semana, amiga Ana.
Beijo.
E regressaste em muito boa companhia, querida Ana.A Poesia de Miguel Torga leva-nos a questionar a Vida e os seus elementos. A forma como a vivemos, se fazemos bom uso dela. Se é uma vida interior onde acontece a introspecção ou se ela é vazia onde os sonhos nao têm lugar.
Beijinhos
Olinda
Torga, o rústico e sábio Torga, minha companhia aqui e ali...!
Um beijinho, Ana :)
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