Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cecília Meireles, Canção de Outono

Claude MONET, Il Viale del Gardino

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
***
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

***
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza.
É que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando àqueles
que não se levantarão...

***
Tu és a folha de outono

voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meireles

A minha homenagem à Primavera do outro lado do mar, com sabor a côco - diria Sophia de Mello B. Andresen - e à amiga que teve a gentileza de me enviar essa voz extraordinária da poesia brasileira:
http://hsp7.blogspot.com/

5 comentários:

ETERNA APAIXONADA disse...

Imagem magnífica minha amiga!
Ficou lindo o post!
Tenha um radiante dia!
Beijos e meu carinho,
Helô

Bípede Implume disse...

Um poema lindíssimo de Cecília Meireles, neta de avô paterno português e de avó materna açoriana, de S.Miguel.
Um poema para este início de Outon que desejamos seja calmo e doce.
Beijinhos.

meus instantes e momentos disse...

muito bonito teu blog, foi muito bom conhecer.
Tenha um belo dia
Maurizio

ETERNA APAIXONADA disse...

Bom estarmos sempre pertinho, amiga!
Boa sexta!
Beijos

Bípede Implume disse...

Olá Ana
Venho deixar-te um beijinho e um bom fim de semana.
Tudo de bom para ti.