Suelly |
As hortênsias estão exuberantes e a frescura do jardim esconde, ainda, o calor deste dia. Na planura o regoguejar de uma raposa leva-me de regresso à infância - esse lugar do ouro aonde, dizem-nos, teremos sido felizes. Recordo alguns instantes dessa felicidade: o cheiro amarelinho dos tremoceiros bravos; o pó da terra batida sobre a qual os pneus da bicicleta resvalavam, chiando ritmadamente; o meu rosto vermelho de tanta corrida e de tanto calor...ah e aquelas gargalhadas estridentes de garotada livre e segura...
Um excesso de mundo real tem-me levado do mundo virtual. Morreram-me alguns, uns outros adoeceram, aqueloutros cruzaram o oceano e, os que permanecem, envolvem-me cada dia.
Assim, no labor de cada hora se vai urdindo esta trama a que usamos designar de vida.
Sei que o agora é Hoje! Que Portugal é Hoje! Que a Amizade é sempre.
Ana
11 comentários:
Está muito bom. Envolvente.
Tragas, devoras com "violência" o passado e o presente, num redemoinho, num sorvedouro, em forma de palavras, tão bem alinhadas, tão "desventradas", onde tudo se compreende tão bem! É a vida, Ana!
Dia de Portugal foi ontem. Nós, Portugueses, deveríamos ser todos os outros dias. Entendeste, com certeza.
Já fomos crianças, embora, eu, por receio, nunca tenha andado de bicicleta nem em grandes "correrias", porque fui sempre medrosa, quieta, demais. À porta da rua, e no passeio, que era largo, à noite, pke de dia, a calma, não o permitia, sentávamo-nos todos e eu brincava com as meninas e um menino, mais velho que eu, k foi para França com os pais, e que nos beijava todas as noites (que coisa estranha! Eu fugia para o corredor, só pra não levar três beijinhos nas faces envergonhadas), e a quem chamávamos Zezinho. Eu, nunca perdia de vista o avô João e a Tita, meus anjos protetores e particulares, não fosse "o diabo tecê-las" (rs).
Sugiro que não te "excedas" no mundo real, no trabalho, quero dizer, pke não ganhas, não em termos monetários, logicamente, mais por isso, mas ganham a tua consciência e o teu brio profissional. Eu sei!
Os que te morreram, os que estão doentes e os k estão longe levam-te o olhar e preenchem-te, tão completamente! Passado e presente "confundem-se", por vezes, em termos de sentires.
Começaste por falar de hortênsias, flores de k mto gosto. São vistosas, mto coloridas e nos Açores, parecem-me ainda mais. Raposas? Nunca vi nenhuma, mesmo já depois de adulta, a não ser em livros ou na televisão. Vim mto cedo para Lisboa, concluo!
É muito confortante recordar os momentos da meninice. Parece que ficamos mais novas, alegres e "pequeninas". Ah, os cheiros e os sabores!
O meu comentário não está organizado, não segue a ordem que deste ao teu texto tão maravilhoso, qto terno, mas olha, fui escrevendo, conforme ia sentindo.
Beijos e boa semana.
Boa partilha
Bj
Belo, mesmo
Querida, abraço grande com votos de bom resto de domingo e feliz semana
Na terra perfumam o vácuo
são lindas essas hortênsias,
se há quem delas não faça caso
de nada servem as advertências!
Tenha uma boa tarde de domingo amiga Ana, um beijo,
Eduardo.
Que palavras tão bonitas, retratam toda a vida!
Regressar à infância é regressar à inocência, ao tempo anterior àquilo que a vida nos destinou... Às vezes é um refúgio...
Muito belo o texto, Ana.
Uma boa semana.
Um beijo.
Deeply touching words!!
um beijo _i.
Boa tarde, também recordo a bela paisagem do amarelinho dos tremoceiros bravos no Alentejo, neste portugal de ontem, hoje e de sempre que me encanta.
AG
O ideal é termos tempo para tudo, para os amigos reais e para os virtuais. Sendo que uns não podem (ou não devem) substituir os outros, já que deles chegam coisas e sentimentos diferentes, que poderão ser complementares e/ou enriquecedores. Mas, em caso de dúvida ou de conflito de interesses, os amigos reais devem prevalecer, como é óbvio. E porque as amizades, mesmo sendo virtuais, não morrem, tal como as reais. Elas poderão ser idênticas, afinal.
Gostei do teu texto. Muito.
Bom fim de semana, querida amiga Ana.
Beijo.
Blogging is the new poetry. I find it wonderful and amazing in many ways.
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