Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Abertura do Ano Lectivo

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Foi há muito tempo já. Levava sonhos fechados no peito e um frio que só a emoção justificava naquele início de Outubro ainda quente. Foi há muito tempo já.
Fechou-se o ciclo. Como irei abdicar desta Língua velha que aprendi a desenhar e da qual desventrei a História em pesados livros envelhecidos. Fechou-se o ciclo.
Regresso à Escola. Agora ensino, mas a Língua que o uso sempre moldou resolveu saltar no tempo e no espaço. Velha estátua de sal, vítima da analogia e da lei inexorável do menor esforço, não resistiu ao artificialismo mercantilista reinante. Regresso à Escola.
Agora não sei escrever. Foi há muito tempo já. Fechou-se o ciclo...


Ana


(Quem me dera, meus amigos, não ter que migrar para o «Lince» por causa do novo Acordo Ortográfico. Oxalá pudesse fazê-lo. Muito em breve terei que abdicar da variação e da mudança que tanto enriqueciam a espacialidade geográfica do Português. Sou operária da Língua desde os seis anos de idade. Este também é o meu computador de trabalho. Não se surpreendam se ... O RARA AVIS se tornar Ave Rara...
Não me perguntem se estou de acordo. Tenho que ganhar com o rumor da Língua o pão do meu lar.
Sirvo o rei, mas sou republicana e laica.)



13 comentários:

Eva Gonçalves disse...

Como te compreendo... a mim custa-me que a própia Língua, deixe de ser escrita com maiúscula... como se não passasse de um apêndice no interior da boca... :)Beijo

Olinda Melo disse...

Tem razão, Ana, 'Fechou-se o ciclo'.
Já não há volta a dar. Agora é adaptar-nos e ensinar aos outros uma língua que mais parece uma ave rara.

Virei aqui aprender consigo. :)

Bjo

Olinda

Rogério G.V. Pereira disse...

Vá,
O Rei tem iras que convèm não desafiar. Regresse quando puder. Estarei para a ler e me comover...

(sabe escrever sabe, e não haverá acordo ortográfico que lhe tolde a alma...)

Andradarte disse...

Todos somos....e iremos mentalmente corrigir as falhas que formos encontrando nos Blogs.....Sim...porque vai haver muitas falhas....nem que seja por distração...Outros tempos....
Beijo

Nilson Barcelli disse...

Em princípio não vou aderir ao acordo, porque não tenho tempo para estudar a matéria...
Mas tu estás lixada... uma professora tem que servir o rei, como dizes...
Beijos, querida amiga.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida Ana

Quanta verdade no que dizes, sabes que eu não me consigo adaptar a escrever assim...burro velho não aprende línguas,sempre tenho escrito assim, vamos ver.

Beijinhos com carinho
Rosa

Anónimo disse...

how many time i do not do what i want to do but do what i dont want to do

Bípede Implume disse...

Querida Aninha
Como não tenho a obrigação de ensinar, estou à vontade para dar erros ortográficos...agora. Tenho até 2015 para me adaptar, o que considero difícil se não, de todo, impossível.
O problema é que não percebo porque hei-de eu escrever espetadora quando na realidade eu sou espectadora. O "c" antes do "t" tinha como função abrir a vogal "e" por isso soava "espéctadora". E agora sem o "e" acentuado fica espetadora ou seja aquela que espeta, não é?
E eu quando não entendo uma coisa não vou lá.
Tristes tempos estes.
Beijinhos, bom fim de semana.
Isabel

Laura disse...

Ainda vou voltar, a vida aqui também está complicada por isso não pude ir antes... Lá para Outubro ou Dezembro devo estar aí, e poderemos continuar :)
Beijinho

Mel de Carvalho disse...

Ana, custa-me horrores abdicar da forma como durante quase meio século me expressei em forma escrita, mas, também eu, ainda que nem sempre, "sirvo o rei"...

um beijo, e a minha gratidão
Mel

Ana Tapadas disse...

Obrigada pelos «desabafos», meus amigos. Sabem como me sinto.
bjs

Fê blue bird disse...

Minha amiga:
Como te compreendo e como respeito este teu sentir.
Eu resisto porque posso ainda me dar a este luxo, dos poucos que me vão sendo permitidos.

Rara Avis ou Ave Rara és e serás sempre única.

beijinhos

Guma disse...

Admiro e respeito a Língua Portuguesa, mas gosto de brincar com as palavras.
Aprendi desse jeito misturado com a sonoridade que elas têm em Angola, e lhes dá musicalidade.
Invento e reinvento-as como um exercício que só me faz bem e me abre sorrisos.
Tão bom não ter a obrigação de cumprir esse calendário por não depender disso o pão na minha mesa.

Gosto daqui, porque o aqui tem alma.

Obrigado, voltarei sempre que puder.

Beijo e kandandos
Inté.