Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 22 de março de 2013

Dias assim

Cesare Marchesini



Lembro-me de dias, assim, semeados na distância. O paraíso instalava-se e o teu rosto claro reflectia um brilho novo. Viajávamos durante a noite, cruzávamos uma fronteira e outra e outra. O ruído vigilante dos aduaneiros, os papéis, os carimbos coleccionados num passaporte de capas negras. 
À noite os corpos jovens e vigorosos descansavam sobre essas terras descobertas. 
Calcorreávamos cidades desconhecidas, sorriamos a estranhos e confiávamos nos seres humanos em geral. O futuro estava à nossa frente como as imensas estradas do sul desta Europa perene de fragrâncias. Na Provença nos amávamos e na Toscana sonhávamos um retorno que já aconteceu outras vezes, pois é sempre como voltar a casa.
Lembro-me de dias, assim, perenes de uma luz que só a esperança sabe acalentar. E nós, que ainda aqui estamos e que lutámos por ser quem somos,  não iremos desistir. 

Ana



Cesare Marchesini

6 comentários:

O Puma disse...

Belíssimo

São disse...

Adorei!

Grandeeeee abraço, Aninha.

Mar Arável disse...

Um dia seremos de novo crianças

com boas memórias

Bípede Implume disse...

Querida Aninha
Acho este texto absolutamente comovente.
Também guardo memórias desses passaportes. Claro é uma metáfora.
Estou na primeira linha para ir em busca dessa Primavera tão desejada.
Tem um excelente fim de semana.
Beijinhos
Isabel

Manuel Veiga disse...

somos os passos que alcançamos. e as emoções que colhemos...

muito belo. o texto

beijo

Fê blue bird disse...


Dias cheios da frescura radiosa da juventude, dias que nos mostram que vale a pena lutar pelos nossos jovens.
Sim amiga não podemos desistir.

beijinho