Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

domingo, 28 de outubro de 2018

Cega e Paralisa


Portinari, Guerra e Paz, ONU



No ano de 1940, um grande poeta brasileiro, escrevia um poema intemporal a que deu o sábio título de «Congresso Internacional do Medo». Imperioso lê-lo, hoje, quando o mundo se agita em desequilíbrios de toda a ordem e no momento em que muitas sombras espreitam. 
O Medo cega e paralisa a consciência humana.



Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.


                                                        Carlos Drummond de Andrade


Portinari FB Mão - Estudo Guerra e Paz
Cândido Portinari, A Construção de uma Mão



“Não, essa ameaça da barbárie fascista não desapareceu totalmente. Por isso, apelamos sempre para uma verdadeira insurreição pacífica contra os meios de comunicação de massas, que, como horizonte para os nossos jovens, só sabem propor o consumo de massas, o desprezo pelos mais fracos e pela cultura, a amnésia generalizada e a competição desenfreada de todos contra todos. A todos aqueles e aquelas que construirão o século XXI, dizemos com carinho: criar é resistir. Resistir é criar”.


Stéphane HESSEL, Indignai-vos!, 2010

8 comentários:

Edum@nes disse...

Penso eu que o cagufe,
nunca esteve ausente
a alta ou abaixa altitude
amedronta quem o sente!

Os homens fabricam as armas. Para com elas se defenderem e com elas se matarem!!!

Tenha uma boa noite amiga Ana.
Bjs.

Majo Dutra disse...

Também tinha publicado Drummond de Andrade.
apesar se estar bem constipada.
Esta publicação está impecável, Ana.
Consternada com os resultados: um capitão
w um general...
Abraço grande,
~~~~

Graça Pires disse...

Será que alguém está indignado e inquieto?
Poema maravilhoso e tão actual de Carlos Drummond de Andrade.
Uma boa semana.
Um beijo.

Olinda Melo disse...

Querida Ana

As palavras de Drummond mostram a fragilidade nossa e a daqueles que colocamos em lugares cimeiros para dirigirem os nossos destinos.Nesta sociedade global e desequilibrada, conseguiremos parar para reflectir e escolher caminhos mais consentâneos com as nossas necessidades?
É preciso não perdermos a fé em nós próprios.

Beijinhos

Olinda

São disse...

Minha querida Ana, o mundo encaminha-se depressa e alegremente para mais uma tragédia, que talvez seja a derradeira....

Abraço fraterno

Jaime Portela disse...

Um post muito actual e, por isso, bem oportuno.
Os ditadores (ou candidatos a) estão de volta. Há que combater esta ameaça. Mas sem medo...
Ana, um bom fim de semana.
Beijo.

ANNA disse...

Gracias por tu visita y aportacion
Me gusta mucho el dibujo de la mano
Besos

Andradarte disse...

Adorei a sua visita....Eu também vou passando por esta casa de cultura...
Muita saude e inspiração.
Beijo