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Cá de casa - Ana |
Cá de casa - Ana |
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Cá de casa - Ana |
Cá de casa - Ana |
44 anos de casamento |
Fontana dei Quattro Fiumi (Fonte dos Quatro Rios) - Roma - José Alves |
Hei-de enfrentar teimosamente o Futuro.
Defenderei até ao fim a Verdade,
Porque a Justiça é o meu ideal mais duro,
Porque o meu peito traz consigo a Vontade!
Serei a criança, sorrirei às estrelas,
Porque existem coisas belas, hei-de defendê-las.
Ainda que me apontem o dedo em riste...
Irei dizer que a Vida ainda existe!
Calema, sob o verde das águas, cresce...
Abril já partiu e os homens hoje oraram,
Mas secretamente Setembro decresce...
No fulgor dos impérios que naufragaram.
Ana
Calema - Ondulação forte do mar, nas costas de África que causa forte rebentação.
(https://dicionario.priberam.org/calema)
Fonte dos quatro rios (Roma) -quatro rios mais importantes de diferentes continentes: o Nilo (África), o Danúbio (Europa), o Ganges (Ásia) e o Rio da Prata (Américas
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Bernardo Strozzi, "As três Parcas" |
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Cá de casa - Ana, 2025 |
O confuso murmurar das gentes
E dentro de nós finalmente fala
A voz grave dos sonhos indolentes.
É esta a hora em que as rosas são as rosas
Que floriram nos jardins persas
Onde Saadi e Hafiz as viram e as amaram.
É esta a hora das vozes misteriosas
Que os meus desejos preferiram e chamaram.
É esta a hora das longas conversas
Das folhas com as folhas unicamente.
É esta a hora em que o tempo é abolido
E nem sequer conheço a minha face.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar, 1947 (Poema com referência aos poetas sufis da Pérsia, Saʿdī e Ḥāfiẓ)
Os meus amigos, que por aqui andam há mais tempo, sabem que tive uma viagem planificada para o Irão/Iraque no Verão de 2020, tendo no ano de 2019 percorrido Israel, territórios disputados, Cisjordânia, com uma incursão nos montes Golã...
O projecto por cumprir ficou aqui: "Um chá na Pérsia"
https://raraavisinterris.blogspot.com/2020/01/um-cha-na-persia.html
Conservo esse sonho de um dia ir à velha Pérsia. Não visito países, corro atrás da História. Do resto, falaremos depois...
Num relance à mais banal das fontes, percebemos o que a, dita, conquista islâmica fez aos velhos textos persas...eles, sim, repositórios dos antigos preceitos, mitos e lendas sobre os quais construímos o nosso saber de europeus do Sul.
Pois...os persas não são árabes. |
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Lagos, 2024 - Ana |
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"Alegoria da Guerra", Brueghel |
Deserto do Neguev, 2019 |
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https://prehistoricportugal.com/megaliths/ |
Andamos por aí, sempre foi assim. Somos andarilhos natos. Sê-lo-emos, decerto, enquanto as pernas o permitirem. Tu apaixonas-te pela História e eu inebrio-me com os sons, os odores, o silêncio, os encantamentos de uma luz coada sobre a planície. Depois, escuto-te e enriqueço.
Lamentamos o abandono a que vão sendo soltos os lugares: capelas caídas, sítios megalíticos empilhados depois das sucessivas lavouras e, mesmo quando anunciados em rotas turísticas, acessos que a invernia vai tornando inacessíveis. Como é possível? Como é possível que Évora não core de vergonha perante o estado a que chegou o acesso ao Cromeleque dos Almendres? Sete mil anos deixados ao acaso, repletos de turistas e de estudiosos...
Ana - Maio 2025 |
Ana - Maio 2025 |
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Bettina Baldassari |
voa serena sobre o verde e as flores.
Anda, retira de tua alma as dores
e aspira o polén de vida que tomba.
Que tomba da corola solene e bela
e perfuma o cinzento de silêncio e ar!
Leva doçura à alma eleita para amar,
traça, com tuas mãos, a felicidade singela.
Singela na beleza e o seu raio inunda
a alma triste onde a saudade dói...
com ecos de lonjura, fera e rotunda!
Plúmbeo o céu, o Sol, o cinzento destrói.
E não temas, tu és a razão profunda...
Ama! Pois, afinal, a vida se constrói.
Ana Tapadas, Sul Sereno, editora Europa, 2024, p. 38
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Fernando Correia, Abrantes, 1974 |
Fernando Correia, Abrantes, 1974 |
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Alentejo, 2025 |
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cyclamen cá de casa, 2025 |
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Serra de São Mamede, Portalegre - 2025 |
Corro na paisagem e no tempo húmido desta inefável respiração da Terra, corro nos dias de Março. Já foi "dia das mulheres" e eu, por aí, vou pensando em como me viram...ou me imaginam. Foi-me concedida a afirmação social, pela qual outras mulheres tanto lutaram.
Não serei sempre inefável, especialmente como agora, deslizando por este Alentejo brumoso. Serei engendrada dessa diferença granítica que se esconde e às vezes se assoma na paisagem, ao redor. Com atenção redobrada, vou guiando sem gosto - sob a chuva ameaçadora - veículo avantajado, cabelos desgrenhados e botas pesadas. Alentejana sou.
Ana Maria, 2025 |
ESCUTA A MINHA DIFERENÇA |
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Alto Alentejo - 2025 |
O mosteiro de Trisulti, sede da Academia do Ocidente judaico-cristão.A. Nusca |
Atenas - José Alves |
Não sendo eu de dias marcados ou santificados, o Amor é o númen que nos poderá salvar. Por esse motivo, aceitei o convite do nosso amigo Juvenal Nunes - exímio conhecedor da nossa Literatura - para com ele celebrar o dia de S. Valentim.
Saúde!
José e Ana Maria (Mónaco) |
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Remedios Varo |
Em que as trevas assolam o país,
Horizonte largo de brilho derradeiro
Onde a Justiça se confunde na raíz.
Frio ardiloso e este sol rotineiro
Que pisa a herança da sua matriz.
Sonho largo, abraço verdadeiro,
Afeto, linha dura que sempre quis.
Ergue-te e vela, a tirania espreita!
Ergue-te e sonha o largo horizonte
No moribundo país que se estreita!
Além na colina e aqui neste monte,
Tua coluna frágil, moldável, endireita
E olha em frente da tua reta fronte!
Ana Tapadas, Sul Sereno, Europa editora, Lisboa, 2024, pág. 52
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Maria Teresa Horta |