Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Testamento

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Tunísia

 paraísos...?

Tunísia

 perdidos...

Temporal matou 538 pessoas no Brasil
Brasil





À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...

E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...

Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...

E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.

Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...

Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,

Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...


Alda F. Pires Barreto de Lara Albuquerque
Poetisa angolana

8 comentários:

Andradarte disse...

Tunísia......que pena....mais
um Paraíso perdido..
Beijo

Laura disse...

Adorei o poema. Lindo mesmo !
Beijinho

Ana Lucia Franco disse...

Ana, ótimo começo de ano, poemas muito inspirados..

Interessante testamento. Os poemas loucos haverão de ser deixados para os amores, ah, que dó. E adorei o teu poema da postagem anterior.


bjs.

Andradarte disse...

Vim reler o Belo poema....
Beijo

Andradarte disse...

Vim reler o Belo Poema...
Beijo

MARU disse...

Näo conheço essa poetiza, mas agora que lí este poema, voy entrar agorinha en Google y vou procurarme a sua obra.
Muito obrigado, querida amiga.
Beijinhos

Fernando Campanella disse...

Tenho uma amiga, Ana, que diz que os homens são realmente assim, e esse poema só poderia ter sido escrito por uma mulher :) Mas, olha, a postagem é maravilhosa, o poema muito interessante, muito bem escrito. As fotos lindas também. Espero que você se recupere logo, minha querida amiga.
Grande abraço.

Fernando Campanella disse...

Atrasei-me em vir aqui, Ana, e tive a mais grata surpresa pela maravilha desta postagem. Poema belíssimo, lindo som da língua portuguesa no vídeo. Sinceramente, um poema que tão fundo me toca. Obrigado por essa maravilha.
Grande abraço, minha querida amiga.