São Pedro de Moel, José Alves |
Em redor mãos criminosas atearam sobreiros seculares. Inóspito o Verão crepita. O ar seco do suão leva doença e cinza. Desespero demorado instala-se no coração de cada homem. Agónicas, as mulheres calam a amargura. Um estado de alerta incomoda e revolta. Sirenes serpenteiam pela cidade. A cidade nunca foi bela e, assim, vestida por este anel de fogo tortura e aprisiona. Trágico é o lugar onde o perigo espreita.
José Alves |
Talvez queiram queimar as ideias revoltosas destes homens e mulheres. Talvez queiram o espectáculo dantesco que purifica e faz ressurgir um cosmos por nomear. Talvez o calor perturbe as ideias de algum forasteiro que ousou cruzar estes matos...
São Pedro de Moel, José Alves |
Quero fugir contigo para o lugar da juventude. No Verão tinha frio à chegada. Lá, o meu corpo escaldado recusava-se ao mergulho. Lá, os nossos ideais germinavam de uma manhã doce e pura. O orvalho em pleno Agosto era, para mim, uma novidade. Tudo era ainda colorido e novo.
Quero fugir.
São Pedro de Moel, José Alves |
Ana
5 comentários:
Depois das cinzas tristes, o colorido voltará, ainda que demore. Mas a dor que se vive e o medo que fica, não deviam nunca acontecer...
Beijos
Renascer das cinzas e encontrar "o lugar", um regaço, um remanso... Por que é mais fácil recomeçar do zero do que consertar aquilo que destruído está. Boa semana! Beijus,
Querida Aninha
Todos os anos é a mesma coisa. Repete-se até à dor o espectáculo violento dum incêndio a varrer as nossas árvores, as casas os sonhos de muitos.
Por vezes dá mesmo vontade de sair daqui.
Boa semana e beijinhos
Isabel
Há incendiários por todo o lado.
Belas palavras, gostei imenso, como sempre.
Ana, tem uma boa semana.
Beijo.
Essas imagens ecoaram na minha memória... bons momentos passados que evoquei...
como pode alguém ousar fazer mal a esta Natureza?!
Bjinhs
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