Andrew Wyeth |
Estranho momento vivemos. Talvez por isso tem-me ocorrido folhear os clássicos que estudei na juventude. Hoje, ao serão, foi a vez de recordar Lucius Annaeus Seneca. Viveu numa conjuntura social difícil, escreveu sobre a velhice fazendo notar o valor desse tempo de vida e via o sereno estoicismo como a maior virtude, o que lhe permitiu praticar a imperturbabilidade da alma, denominada ataraxia. Lições pertinentes para os portugueses de hoje.
O excerto que aqui deixo bem poderia ser lido por quem nos dirige:
«As crianças ficam todas contentes quando encontram na praia alguns calhaus coloridos; nós preferimos enormes colunas variegadas, importadas das areias do Egipto ou dos desertos do Norte de África para a construção de algum pórtico ou de um salão de banquetes com capacidade para uma multidão.
Olhamos com admiração paredes recobertas de placas de mármore, embora cientes do material que lá está por baixo. Iludimos os nossos próprios olhos: quando recobrimos os tectos a ouro o que fazemos senão deleitar-nos com uma mentira? Sabemos bem que por baixo desse ouro se oculta reles madeira!» ( Cartas a Lucílio)
Ana