Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 31 de julho de 2009

De Assisi a Firenze


Turismo Italia.org.

Subiremos de Assis para Florença e, mudos pela beleza da belíssima Umbria, o divino tocar-nos-à até atravessarmos a Ponte Vecchio e nos perdermos, humanos renascidos, reféns do Belo que nos envolve neste mundo.
O rio Arno lavará nossos olhos deslumbrados...



CÂNTICO DAS CRIATURAS

de Francesco de Assisi

*

Altíssimo, Omnipotente, Bom Senhor

Teus são o Louvor, a Glória, a Honra e toda a Bênção.

*

Louvado sejas, meu Senhor,

com todas as Tuas criaturas, especialmente o senhor irmão Sol,

que clareia o dia e que, com a sua luz, nos ilumina. Ele é belo

e radiante, com grande esplendor; de Ti, Altíssimo, é a imagem.

*

Louvado sejas, meu Senhor,

pela irmã Lua e pelas estrelas, que no céu formaste, claras.

preciosas e belas.

*

Louvado sejas, meu Senhor.

pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens, pelo sereno e por todo o tempo em que dás sustento às Tuas criaturas.
[...]


quinta-feira, 30 de julho de 2009

Roma

Turismo de Italia.org

O Castelo de Santangelo será o cenário do regresso. Aqui regressaremos sempre, filhos do Império, escravos da velha Ibéria...Roma, a eterna civitas, ainda nos acolhe.
Calor e turba. Novas epidemias espreitam. Nós? Mortais, como sempre...


Turismo de Italia.or


Vítor Emanuel II, o aristocrata de Turim, rei da Sardenha e depois de Itália, talvez tenha sonhado com o velho Império, mas os romanos não perdoam e Mariangela, minha amiga de sempre confirma: «Ana, aí estamos de regresso à velha máquina de escrever».
Detenho-me em pormenores:


«Deixa o resto aos deuses»
Qvintvs Horativs Flaccvs, Odes


quarta-feira, 29 de julho de 2009

Marselha - «Artaud, le Mômo»

França - turismo.com

Maria Madalena chegou com Lázaro e a velha Provença rescendia a alfazema/lavanda. Os seus belos cabelos foram, uma última vez, acariciados pelo Mistral e, subindo ao monte, vivendo na gruta, desfez a beleza em santidade...
(http://www.univ-ab.pt/sda/memu/alves.html), Meu amigo, como trabalhaste sobre a velha lenda e a mística te atrai o quanto a dúvida e o sincretismo me encantam!
E, eu que nunca terei certezas, procuro ainda o rasto dos nossos pés descalços, nesta areia fina...marcas que aqui ficaram e nos recordam que, um dia, tivemos vinte anos e mochilas às costas.
Deixa-me falar-te, outra vez, do poeta maldito - até para os surrealistas - e destas razões tão minhas, para voltarmos aqui: porto de partida e de regresso.


«C'est ma raison à moi et je l'impose par la force
parce que ça me plaît,
c'est ma logique à moi et je l'impose par la force
parce que ça me plaît,
c'est ma conscience à moi et je l'impose par
ma force,
parce que ça me plait.»
Artaud, (n. Marselha, 4 de Setembro de 1896)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Alcalá de Henares - Calenda

Alcalá de Henares.org

Vou começar a traçar um Roteiro...
De Alcalá quero recordar as Lendas, as cegonhas que voam fiéis e resolutas ao encontro do sol dourado do centro peninsular. Não, não me falem de Cervantes! Dele só desejo o sonho por cumprir, a ilusão pura e feliz de ser uma sombra neste Verão tão dócil.
Poetas de Espanha acorrem a Castela, a velha mesa do Templo ainda permanece...




CALENDA

Agora que o tempo se escuta e é de vidro

no fundo dos olhos, um véu disparado

pelos dardos de uma música cega que percorre

tudo, agora que o tempo fere, fala.


ADOLFO MONTEJO NAVAS, (n. Madrid 1954), Na linha do horizonte / Conjuros. Rio de Janeiro: 7 LETRAS, 2003. 82 p.

(Indicação de Wagner Barja, Maio 2007)


domingo, 26 de julho de 2009

Memória de África





Depois de alguns dias de muito calor, neste Alentejo dourado, deixo- vos com uma Biblioteca Digital.
Trata - se de uma incursão no passado da História Portuguesa...é preciso olhar de frente o passado, para entendermos o presente.

sábado, 25 de julho de 2009

«Besame Mucho», para recordar - Obrigada, Helô! (José Torres, tu sabes que dia é hoje?)

Obrigada, Cesc!

OLBINSKI
Francisco Ginesta vive na Catalunha e é um grande pintor. O seu blogue merece uma visita. A sua vida merece muito apreço. Vive, neste momento, tempos que há-de superar! Deixo-lhe esta homenagem que bem merece por saber dedicar-se às artes, mas muito especialmente aos amigos! Dele recebi o prémio que publico e que vos deixo, meus outros amigos:


quinta-feira, 23 de julho de 2009

Aqui...Liceu Nacional de Abrantes

O velhinho Liceu Nacional de Abrantes, onde estudei nos anos setenta, é aquele edifício amarelo, com ar senhorial...que saudades!
AQUI


Aqui! O céu é mais claro.
O rio chama - nos a sonhar.
E, o Castelo, imponente e raro,
Evoca outro século no ar!

Época de príncipes heróis.
Oh! Quimera das velhas brumas,
Vens a meu peito e dóis,
Dores novas, ilusões, algumas!

Tu, rio, espelho de prata,
De velhas paixões e amores,
És velho, sem era nem data,
Em ti afundo minhas dores.

E, vós, alamedas deste jardim,
Pisadas em passos amorosos,
Não me consintam ficar assim,
Levem meus pensamentos desditosos.

Ana
Abrantes, 17/01/1974

sábado, 18 de julho de 2009

Gibran Khallil Gibran



Baalbek, Líbano.org

Corro, com os meus pensamentos sob este sol inclemente. Sou deste lugar. Conheço o som das cigarras e sei daquele barulho abafado de aves de rapina que tentam voar, dolentes, ao calor do meio - dia.
Contraditória natureza. O cheiro quente do sobro, o estalar dos meus passos, as ervas secas que quebram, a luz aguda a cegar os meus olhos pardos, de felino habituado a décadas deste desafio de dias suados...contraditória natureza! Aquela sombra minúscula de sol a pique que me segue, duplo daquilo que sou, espelho da burocracia infindável que me persegue, traz-me, de súbito, a memória de um velho poeta fenício/libanês - Gibran Khallil.
Pedaços de texto, nuas verdades e subtilezas... barcos de outrora que planam sobre a realidade e o cedro do velho e belo Líbano aponta-me a direcção próxima da minha casa.
«Moras aqui!», dizem os que me conhecem de outros lugares e se deparam com o esguio cedro. O meu amor, sangue de remotos mediterrânicos, exala em redor.
Ana

O louco
«Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.»

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Genial ou maldito?



Mário Cesariny, Linha d'água

You Are Welcome To Elsinore

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

Mário Cesariny




Mário Cesariny, O papá que veio de leste

Ler mais:
http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/cesariny.html

terça-feira, 7 de julho de 2009

Incoerente...




Alexandre Séon, le Récit, séc. XIX

Só a Verdade

Tinha um aberto sorriso,
Prepotente...
Cavado e persistente...
Só nela o encanto da palavra
Sustinha a nave central
E desnudava o imenso arraial,
Sobre a água,
sob a frágua ...
*
Só a Verdade
Tinha o valor eterno do gesto
Impaciente...
Doce e incoerente.
Só nela a seiva virginal
Da razão inconveniente!
E, desenhava o símbolo real
Entre o ser,
Entre o estar...
*
Só a Verdade
Tinha o valor incomunal,
Potente...
Puro e omnisciente.
Só nela a essência é a forma
Do real ultra irrealidade!
E encontrava o todo inicial,
Dentro do ser,
Dentro do mudar!
*
Só a Verdade
Tinha um sonho total,
Incoerente...
Verdadeiro e iminente...
Só nela os dedos vitais surgiam
Acariciando um mundo ideal.
E, fitava atónita o transformar.
Nascia a Vida,
Nascia a Ida!

Ana


domingo, 5 de julho de 2009

Feira Mundial do Livro Electrónico



São cerca de 330 mil obras em formato digital, em mais de 100 línguas, que poderão ser descarregadas gratuitamente até 4 de Agosto.

A iniciativa assinala o 35.º aniversário da colocação do primeiro eBook online, pelo fundador do Projecto Gutenberg, Michael Hart, a 4 de Julho de 1971, desde então, o número de textos gratuitos à disposição dos internautas não parou de aumentar, o objectivo é chegar a um milhão em 2009.

Entre os mais de 50 títulos em língua portuguesa, encontram-se: Os Lusíadas de Luís de Camões; várias obras de Camilo Castelo Branco, incluindo Amor de Perdição; Eça de Queiroz, A Cidade e as Serras, A Relíquia e As Farpas, com Ramalho Ortigão; Florbela Espanca , Livro de Mágoas; Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde; António Nobre, ; Júlio Dinis, Uma Família Inglesa; Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa» e Fernão Lopes, Chronica d' El-rei D. Pedro I.

Consulte em

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Aos Vindouros, se os Houver...

B. N. França, 1910


Vós, que trabalhais só duas horas
a ver trabalhar a cibernética,
que não deixais o átomo a desoras
na gandaia, pois tendes uma ética;

que do amor sabeis o ponto e a vírgula
e vos engalfinhais livres de medo,
sem preçários, calendários, Pílula,
jaculatórias fora, tarde ou cedo;

computai, computai a nossa falha
sem perfurar demais vossa memória,
que nós fomos pràqui uma gentalha
a fazer passamanes com a história;

que nós fomos (fatal necessidade!)
quadrúmanos da vossa humanidade.

Alexandre O'Neill, Poemas com Endereço



B. N. França, 1910

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Obrigada, amigo Alex Campos!




[lemniscata[1].jpg]

Recebi do Blogue ALDEIA OLÍMPICA mais este prémio amigo.

O Alex é um lutador! diz que gosta dos meus «poemas» e até os «leva», por vezes. Isso honra-me, mas que fique muito claro que sou uma diletante, nisso de poemas. Eu não sou poeta, não quero sê - lo e, se brinco com as palavras
, é porque acredito no sonho, no ideal e numa caminhada da Humanidade em busca da perfeição humana.
Assim, acreditando que todos os meus amigos se enquadram na descrição deste prémio, quero passá-lo a todos os que, ainda, gostam de receber estes «selinhos». Um beijo para todos! Todos enriquecem a minha vida!


«O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogues que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores».



Para o Aldeia Olímpica, este poema:
Ainda sabemos cantar

Ainda sabemos cantar,
só a nossa voz é que mudou:
somos agora mais lentos,
mais amargos,
e um novo gesto é igual ao que passou.

Um verso já não é a maravilha,
um corpo já não é a plenitude.

Eugénio de Andrade


*Alex, isto da ADD é como um vírus...força à tua irmã, prof.ª!