Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

domingo, 23 de abril de 2023

O Autor

    


onovo.pt
    (do latim auctor, derivado do verbo augeo, 'aumentar') é aquele que cria, causa ou dá origem a alguma coisa, especialmente obra literária, artística ou científica.


    Qualquer enciclopédia, por mais incipiente que seja, define cabalmente o que é essa entidade, diversa do cartão civil de identidade. A vigente cultura de cancelamento rotula e exclui. O Autor é um transgressor. A sua obra é a sua criação. Ele não é o homem político, mais ou menos querido ou odiado. Que seria de Rabelais, que seria de Saramago? Torga não era simpático, Vergílio Ferreira não sorria... e tantos outros seriam, hoje, excomungados pela doxa vigente.


    Prémio Camões em 2019! E em 2019, como no passado...censurado


Arquivo Nacional do Brasil


    "Chico Buarque vai receber o Prémio Camões, que lhe foi atribuído em 2019, no próximo dia 24 de abril, numa cerimónia a ter lugar no Palácio Nacional de Queluz, em Sintra, anunciou o ministério da Cultura.


A entrega do galardão está integrada na visita oficial do presidente brasileiro a Portugal e vai acontecer às 16 horas, numa cerimónia presidida por Marcelo Rebelo de Sousa e Lula da Silva.


O músico e escritor brasileiro foi o vencedor da 31.ª edição do Prémio Camões, em 2019, para distinguir a “qualidade e transversalidade” da obra de Chico Buarque, “tanto através de géneros e formas, quanto pela sua contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa”.


"A atribuição do Prémio Camões reconhece ainda “o valor e o alcance de uma obra multifacetada, repartida entre poesia, drama e romance”, um trabalho que “atravessou fronteiras e se mantém como uma referência fundamental da cultura no mundo contemporâneo”, justificou, na altura, o júri.


Chico Buarque mostrou-se “muito feliz e honrado de seguir os passos de Raduan Nassar”, seu compatriota distinguido com o prémio em 2016, enquanto Lula da Silva escreveu, da prisão, uma carta ao músico a felicitá-lo pela vitória.


No entanto, meses depois, Jair Bolsonaro deu a entender que não assinaria o diploma do Prémio Camões, cuja entrega formal estava prevista para Abril de 2020, em Portugal, afirmando que assinaria o documento “até 31 de Dezembro de 2026”, altura em que terminaria o segundo mandato presidencial que não chegou a conquistar nas eleições de 2022.

Apoiante do Partido dos Trabalhadores, defensor de Lula da Silva e crítico do governo de Bolsonaro, Chico Buarque defendeu que o (não) gesto de Bolsonaro significava, para si, uma segunda distinção.

“A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões”, escreveu, na altura, na conta oficial do Instagram." (onovo.pt)



    Senhor de uma obra imensa e multifacetada, para lá das suas canções, aqui vos deixo uma possibilidade de edição em Portugal:




Fado Tropical

Carlos Paredes, Chico Buarque e Carlos do Carmo





Mulheres de Atenas

sábado, 15 de abril de 2023

O movimento "Woke" - sugestão de leitura

 



    "Vivemos tempos em que o pasmo se torna rotina. Tomamos o pequeno-almoço com notícias que, não há muito, eram consideradas inverosímeis, política-ficção do pior gosto, que teria arruinado a carreira do mais reputado argumentista.
Professores com processos disciplinares por ensinar que o sexo é determinado por um par de cromossomas, contas de Twitter suspensas por referirem que a relva é verde, violadores condenados que dizem ser mulheres para os transferirem para uma prisão feminina onde violam umas quantas reclusas, estátuas de São Junípero Serra derrubadas por justiceiros descendentes dos puritanos que massacraram os indígenas norte-americanos, mulheres desportistas que veem o seu lugar nas Olimpíadas ocupado por concorrentes com genitália masculina, filmes inocentes desqualificados como se fossem abominações horrendas (agora até o Dumbo é politicamente incorreto!), palavras de sempre que, de um dia para o outro, se transformam em termos proibidos que podem arruinar a nossa carreira ou mesmo a nossa vida… Palavras canceladas. Estátuas canceladas. Livros cancelados e, até, pessoas canceladas. Tudo deve ajustar-se aos moldes do politicamente correto. A pergunta é óbvia: enlouquecemos todos?" (sinopse)

    Vivemos tempos estranhos e não nos poderemos distrair ou, o risco de nos submetermos ao poderoso movimento "Woke" e deixarmos de possuir massa crítica, tomará conta das mentes que ainda ousam pensar.  Segundo o autor, estas pessoas julgam-se moralmente superiores. Se ousarmos discordar, seremos afastados, cancelados de todos os modos possíveis: nas redes, ditas, sociais; no trabalho; nos círculos; nas organizações de toda a ordem... assim, caminhamos   para o pensamento único, para a autoritária doxa de todos os totalitarismos.
    Vivemos num mundo com a argumentação em declínio. Até por os argumentos terem sido substituídos pela vitimização. Já não se procura a melhoria social, mas o proveito pessoal. Se não ousarmos discordar, regrediremos gravemente na História da Humanidade.
  Eliminam-se as palavras, alteram-se os sentidos e ... reescrever os velhos livros tornou-se uma nova ordem Censória! 
    
    Ao acabar a minha leitura, não posso deixar de pensar: professores de Literatura (como eu)...em breve serão cancelados! Tudo o que ensinei, até hoje, vai contra esta nova forma de estar no mundo. Todos os textos foram, de um modo ou de outro, politicamente incorrectos e transgressores...fugas irremediáveis à norma.

Ana

Depois da Páscoa

 

Cá de casa



    Depois de um ano de luto (8 de Abril)...depois de oito anos de luto, (15 de Abril)... a Deus mãe... a Deus pai.