quarta-feira, 30 de abril de 2008
Áustria - 30 de Abril
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Planura
Eu amo planuras imensas
E gestos de linguagem muda!
Amo silêncios intensos
Onde o ser, às vezes, se transmuda!
Amo-te, porque te amo
Em definições extensas de dar...
E sinto-te quando te chamo
Dentro de mim, ao despertar!
***
Eu quero colinas e montes,
Plenos de canduras viçosas!
Amo regatos e fontes...
Doces meios-dias, manhãs brumosas!
Quero intensos verões
E frémitos escaldantes!
Doçuras de serões...
Nas noites aconchegantes!
Quero a tua voz poderosa
Sobre a minha rebeldia.
Amo a tensão amorosa...
De um puro dia-a-dia!
Anna
sábado, 26 de abril de 2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
24 de Abril de 1974
http://www.astormentas.com/andresen.htm
***
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.
***
Sophia de mello Breyner ANDRESEN
terça-feira, 22 de abril de 2008
domingo, 20 de abril de 2008
O Sentimento Trágico da Vida
Salvador DALÍ, «Rosa Meditativa», 1958
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Sul Sereno
Brotará um dia novo...
Será então um sonho
O olhar promíscuo
Em direcção ao caos!
Será embrião
E vida
E fogo!
Tudo recomeçará
Sem divisões
Sem mar.
Ficará boiando no azul
A gestação secreta
Do novo ser
Total!
Anna
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Este sol, não sei se já o disse
domingo, 13 de abril de 2008
Itália - a bela
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Índia
Anna
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Sabor a Chuva
Vincent van GOGH (1853-1890), Ciprestes
Terá o sabor da chuva
Roçando os lábios da infância.
Sedenta: a ave e a vida!
A ternura destruída.
E o mosto e a uva...
Suave fragrância!
***
Então dirás:
«Não tenho a coragem
De ir nessa viagem.»
***
Será o amor, será a vida...
A transparência surda do olhar!
***
E, devagar...
A ternura interrompida!
domingo, 6 de abril de 2008
Mulheres
Ana
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Madeira - Abril
Onde esteve o mês de Abril?
Não sei...
O vento troou
Nos sonhos dos homens.
A luz trespassou
A febre do último serão.
Extinguiu-se...
Fogo e braseiro dos dias
Sentados, hirtos, quietos
Estávamos...
Alados!
Os sonhos vaguearam
Na noite.
Encontro na madrugada!
Onde esteve o mês de Abril?
Que veio e foi silencioso
No vulto,
Do vulgo,
Só.
Anna, Lisboa, 1996
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Agostinho da Silva (1906-1994)
« Não morre, para si próprio nem para nós, o que viveu para a ideia e pela ideia, não é mais existente, para o que se soube desprender da ilusão, oque lhe fere os ouvidos e os olhos do que o puro entender que apenas se lhe apresenta em pensamento; e tanto mais alto subiremos quando menos considerarmos a morte como um enigma ou um fantasma quanto mais a olharmos como uma forma entre as formas.».
Agostinho da SILVA, in Textos e Ensaios Filosóficos I
Algum dia um novo Papa
anunciará altivo
que Deus é raiz quadrada
de um quantum negativo
*
e o Deus que tanto procuro
em que atingido me afundo
é aquele ser-não-ser
do que acontece no mundo
*
da matéria mais que densa
é que é divertido ser
ali se nada acontece
tudo pode acontecer
Agostinho da Silva
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Alentejo - obrigada - Xavier Narval
terça-feira, 1 de abril de 2008
MIGUEL TORGA
ENGRENAGEM
O dia nasce limpo e luminoso,
Mas não te iludas, homem!
A natureza já não é contigo.
Daqui a nada toca no quartel,
Apita a fábrica de meias,
Abre a mercearia,
E só então tu poderás saber
Se poderás viver,
E se chove,
E se neva,
E se o adeus da tua Eva
Te comove.
Miguel Torga, séc. XX