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Escola |
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Oito horas. Céu límpido de Outono. Luz dura nos meus olhos cansados. Pureza linear de um minimalismo criador.
Entre mim e a Escola duzentos metros de parque. Sobreiros ancestrais mantiveram o porte altivo. São desta terra, donos deste lugar, discretos e harmoniosos. Tê-los por companhia matinal suaviza um dia duro e longo.
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Outono |
E chego...
Vida, rodopio, campainha, tecla, vídeo, folha, livro, olhos e olhos e olhos...ávidos de saber e de ser...
Intervalo. Café, café, fala, cala, fala...
Cores tão estranhas para olhares alentejanos: a escola.
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remodelada |
Quem fez isto? Quem maquilhou assim o mármore inicial e branco, quem arrancou a cortiça dos tectos? Quem juntou estas surpresas visuais sobre o branco antigo? Quem fustiga assim os olhos habituados à pureza linear dos horizontes alentejanos?
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Castelo de Vide | |
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Tira-me daqui. Vamos em mais uma fuga atrás do horizonte. Foi longo o dia. Foi longa a verborreia. Leva-me a um lugar sem vozes.
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Marvão |
Leva-me contigo a um lugar sem ruído. Cacografias estilhaçam-me e eu quero, no rumor da Língua, o subtexto dos afectos.
Chegámos. Faz frio. Aqui, o Grande Arquitecto traçou ângulos perfeitos no silêncio.
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Marvão |
Amanhã regressaremos pela manhã ao lugar onde a Língua se estilhaça e os outros, nossos pares, discutirão em cada intervalo, envoltos nas cores antagónicas deste sítio do Sul, o artificialismo já velho, já gasto de um qualquer romper, de um vizinho quebrar, daquele antigo e já habitual, fútil, tabu.
Ana
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google
*NOTA: no meu país chama-se «tabu» a um assunto sobre o qual não se admite falar. |
FOTOGRAFIAS DE JOSÉ ALVES