Escola |
Oito horas. Céu límpido de Outono. Luz dura nos meus olhos cansados. Pureza linear de um minimalismo criador.
Entre mim e a Escola duzentos metros de parque. Sobreiros ancestrais mantiveram o porte altivo. São desta terra, donos deste lugar, discretos e harmoniosos. Tê-los por companhia matinal suaviza um dia duro e longo.
Outono |
E chego...
Vida, rodopio, campainha, tecla, vídeo, folha, livro, olhos e olhos e olhos...ávidos de saber e de ser...
Intervalo. Café, café, fala, cala, fala...
Quem fez isto? Quem maquilhou assim o mármore inicial e branco, quem arrancou a cortiça dos tectos? Quem juntou estas surpresas visuais sobre o branco antigo? Quem fustiga assim os olhos habituados à pureza linear dos horizontes alentejanos?
Castelo de Vide |
Tira-me daqui. Vamos em mais uma fuga atrás do horizonte. Foi longo o dia. Foi longa a verborreia. Leva-me a um lugar sem vozes.
Marvão |
Leva-me contigo a um lugar sem ruído. Cacografias estilhaçam-me e eu quero, no rumor da Língua, o subtexto dos afectos.
Chegámos. Faz frio. Aqui, o Grande Arquitecto traçou ângulos perfeitos no silêncio.
Marvão |
Amanhã regressaremos pela manhã ao lugar onde a Língua se estilhaça e os outros, nossos pares, discutirão em cada intervalo, envoltos nas cores antagónicas deste sítio do Sul, o artificialismo já velho, já gasto de um qualquer romper, de um vizinho quebrar, daquele antigo e já habitual, fútil, tabu.
Ana
google *NOTA: no meu país chama-se «tabu» a um assunto sobre o qual não se admite falar. |
FOTOGRAFIAS DE JOSÉ ALVES
10 comentários:
Que série interessante: imagens e palavras. Acompanhei como quem está ao lado.
Parabéns pelas palavras perfeitamente adequadas às belíssimas fotografias.
Fiquei com imensa vontade de visitar esses belíssimos horizontes alentejanos que não conheço.
Quem sabe se as suas inspiradas palavras não vou ser motivo para um passeio de fim de semana.
Beijinhos
me deu uma inveja de me estar neste lugares
Compensações, contraditórias e opostas, mas tudo singularmente belo. Dias duros e dias de indolências, dias de falação e dias de quietude, cores estranhas ou minimalistas, mas os horizontes... existem dois iguais?
Beijus,
Que fábula, Ana. Um dia mágico de outono, silêncio em ótima companhia (suponho), no subtexto dos afectos. Sorte tua querida. E que fotos tocantes!
bj.
Belíssima edição, Ana.
Andamos neste diz-que-disse como se houvesse tempo para tanto disparate e o orçamento -- Uma vez aprovado -- fizesse baixar os juros sobre a dívida soberana para um nível que nos fosse favorável e a solução dos problemas fosse vislumbrável.
Lamentavelmente, não!
Bjs
Querida Aninha
Conheço Castelo de Vide e Marvão, mas vindo aqui e com a tuas palavras, é como se fosse um outro olhar. É de certo um outro olhar, mas que enriquece essas paisagens.Gosto tanto do que tu escreves.
Beijinho e excelente fim de semana, abelhinha obreira.
Isabel
Morreremos sempre cegos e no falso equilíbrio, jamais em pé como a bela paisagem apresentada - gostei do contraste! Bom fim-de-semana :)
Ana, achei muito interessante suas fotos.
Boa semana
Bjao
Adoro esses trechos de um diário artístico, Ana, e complementado com lindas fotos. Grande abraço.
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