Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Notas de Leitura 2



Dias longos de Verão começam a declinar. Declínio parece ser um estado geral. Tudo definha na ressequida natureza até que tombem as primeiras chuvas outonais, doces, cheirando a palha molhada e terra sequiosa.
Até lá vou lendo, lendo como sempre e compulsivamente. Por causa de desígnios profissionais [quase nem valeria a abnegação neste duro tempo] leio agora uma obra extraordinária, aqui fica uma nota:

Para qué llamar caminos
a los surcos del azar? ...
Todo el que camina anda,
como Jesús, sobre el mar.

(Antonio MACHADO)

o.c., pág. 15



Ana

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Ainda antes de chegar...

Astúrias

Chegarei ainda antes de lá estar.




 Levo o sol e levo o sonho, alguma espera no olhar...


Llanes, Buelna, Astúrias (google)


Há muito li o que agora me leva lá...



Até breve, meus amigos.



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Lupis...




«Em A Montanha da Água Lilás, fábula para todas as idades, o escritor angolano Pepetela conta a estória de uns seres cor de laranja, os Lupis, que pensavam, falavam e trabalhavam como os homens. Mas «não são homens, porque se chamam Lupis». Certo dia, os Lupis descobrem uma fonte de onde jorra um misterioso líquido, cujo perfume é inebriante - a água lilás. E deixaram de viver em perfeita harmonia ... Este livro, não é apenas uma fábula para todas as idades, tal como o subtítulo parece indicar, é um retrato intemporal da sociedade humana e da crescente desigualdade social».

Poderia ter começado assim uma das minhas aulas e, muito provavelmente, comecei. Poderia vir aqui sugerir a leitura desta maravilhosa obra intemporal de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, esse estudante da Casa Do Império, que depois se tornou conhecido como Pepetela - pestana, na sua língua umbundo. Nem mesmo de Angola vos venho falar.
O calor, a timidez de um Verão em crise, a monótona modorra destes lugares e as férias que chegaram, finalmente, levam-nos a curtas fugas por cidades vizinhas - Lisboa, Badojoz, Évora ou Cáceres...um pequeno mundo que nos fica próximo. Hoje foi um desses dias.
José, menino homem, sempre em ternuras delicadas, tenta presentear-me. Resisto. Abomino o consumismo e o excesso. Trinta anos de caminho conjunto já o ensinaram que só não saberei como negar-me a um perfume. Sempre fui de odores, não por algum resquício de vaidade, mas pelo poder evocatório que detêm. Eles são a água lilás da minha memória, têm nomes banais, mas escrevem a minha história: Bien Être, sobre as rendas brancas de menina; Lavanda Inglesa, sobre o meu duche de atleta juvenil; Nau, de adolescente inquiridora; Anaïs do tempo de trabalho e Éden, quando o sol assoma diariamente e o calor aperta, levando-me a outras paragens. Assim será.

A meu lado, uma avó paga o seu perfume. São 145 €, diz-lhe a lojista. 
- Passe-me tax free, se faz favor.
A menina pergunta - lhe:
- Para que país?
A resposta surge, pronta:
- Moçambique.

 A Montanha Da Água Lilás acaba de se ilustrar na minha presença.


                                                                                               Ana