Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Tecer

G. de Chirico

Tecer vagarosamente
Na urdidura dos dias
O quadro acorrentado
À esperança infinda
Ainda


Ana

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Rente ao muro

Vito Campanella

Onde está o calor deste rumoroso silêncio
Que te escalda um sol demente os claros ombros
Ruína
Escombros
Onde vais tão calada erguendo teu sorriso
Impreciso
Vago
Que te cobre essa sombra onde se esconde e encobre
Sem regra nem lima que o sol assombra
Anárquica
A polis


Ana


sábado, 1 de agosto de 2015

Já te falei





Já te falei do rosto amarelecido dos velhos? Que aguardam eles, neste país tisnado pelo sol inclemente e ressequido? 
Já te falei dos jovens que partem e desses outros que desesperam entre a lassidão e a falta de horizonte? Porém, vasta é a planura e extenso o areal...
Já te falei das mulheres que se desdobram fingindo, num sorriso morno, que a angústia não as assola?
Já te falei dos homens que caminham envergonhados, ombros descaídos, carregando o fardo de cada dia sem esperança?
Não te mintas. Não te escondas por detrás dos escuros óculos deste Verão!
Eu vou de luto e semeio, ainda, essa vaga esperança de um dia melhor. Só o tempo me foge, escasso...

Ana