Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Paracelso, médico, astrólogo e alquimista

 

José Alves, Igreja de Santa Catarina

    É caótica a pólis, e seremos gratos pelo fôlego de gatos que ainda temos. Hoje, viajamos na memória de dias quentes e sedentos de vida. 
    Nunca leves a tua medida para lugares de milénios, abre-te ao sonho, busca a metáfora, perde-te por aí...que o mundo de roteiros e plásticos pode, apenas, arranhar a superfície.
    A Beleza emerge do inusitado, num qualquer recanto sem expectativa. Recordo, então, Paracelso esse suíço-alemão que viveu do século XV para o século XVI e que reflectiu sobre a arte do Amor. Ensinou essa postura tão singela: amar é tão simples, basta aceitar a diferença e livrar-se do estereótipo. 
    Nenhum dos meus amigos, que visitou Atenas, apreciou a pólis. 
   Vivi nela dez dias em plena crise do OXI...suja, decadente, com manifestantes, paredes pintadas, taxistas que eram médicos e professores desempregados, turistas ricos e pobres, refugiados da Síria aos magotes, o hotel repleto de militares fugidos da Turquia por causa do golpe fracassado contra o ditador Recep Erdogan, gente anónima nas ruas onde nasceu...
    Capital da decadência de uma sociedade de consumo que fracassara, perdida na corrupção e no aproveitamento estrangeiro que, abutre, lhe ía consumindo o espírito e a paz social. Mas, ainda assim, cidade de origem e de conhecimento que acolhia a matriz bela de um retorno à civilização que somos: hino e apelo ao conhecimento e compreensão da nossa essência profunda, eco do passado da Europa tal como a conhecemos.


José Alves, Templo de Zeus


"Quem nada conhece, nada ama."


José Alves, Ágora (no monte, o Planetário)

"Quem nada pode fazer, nada compreende."


José Alves, Templo de Hefesto

"Quem nada compreende, nada vale."

José Alves, Áttica, edifício da edilidade

"Mas quem compreende também ama, observa, vê..."


José Alves, Kolonaki

"Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa,"


José Alves, Universidade de Atenas (Edifício Administrativo)

"tanto maior o amor..."


José Alves, Museu de Numismática 

"Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo,"

José Alves (sim, sou eu e o José Alves), Poseidon, Museu Nacional Arqueológico

"como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas."


José Alves, Pireus

    Paracelso chamou a esse olhar viciado pelo senso comum, ligeiro e rotineiro, de "olhar em linha recta". Esse olhar é perigoso, na medida em que nos nega a tolerância e a Beleza.

José Alves, Espólio das Ciclades, MNA


    E, porque Paracelso também foi um médico renascentista e nos recomendou, sabiamente:

“Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja veneno. Somente a dose correcta diferencia o veneno do remédio.”


José Alves, Atenas, Psiri



Bebamos, então um "Uzo"!



Ana



Nota: o imprescindível bilhete.




quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Não-Estado? Mais de 20 000 humanos! Ah...o planeta Terra!

 


Sempre acompanhado por guia, Erik Futtrup visitou sozinho alguns sítios arqueológicos da Líbia

    O planeta parece estar a enlouquecer e os humanos a perderem a noção da sua humanidade. Nunca fui particularmente pessimista, mas como acreditar neste enviesamento amostral que nos vai fechando em bolhas noticiosas e vontades de hedonismos vários a que o tempo convida?

    Para onde estará a ser remetida a memória histórica? O nosso compromisso colectivo? O nosso testemunho (se mais velhos) perante as novas gerações? Como poderemos acusá-los de fúteis ou de egoístas?

    Correm notícias sobre Marrocos, trágicas notícias.

    Por onde anda o rei desse imenso e vizinho país?


"A vida de luxo do rei Mohammed VI em França

O monarca marroquino passa grande parte do tempo em França, dividido entre a mansão em Paris, a cerca de 700 metros da Torre Eiffel, ou num castelo na comuna de Betz, a 72 quilómetros de Paris.

A mansão em Paris, do lado esquerdo do Sena, foi construída em 1912, tem dez quartos, uma piscina, um salão de jogos, spa, salão de cabeleireiro, uma sala de conferências, um jardim de 3.300 m² e um vasto terraço com vista da capital francesa, descreve o
'The Times'." (Flash)


    Correm notícias sobre a Líbia, trágicas notícias. Não tantas, por sinal...

    Passaram os romanos, os gregos, os otomanos, os italianos, explorou-se o petróleo, os ditadores, as "primaveras", encheram-se as praças...intervenções militares e abandonos, as tantas guerras fratricidas...as, pelo menos, quatro facções que dizem governar um não Estado!


Situação militar atual:
Sob o controle do governo baseado em Tobruque e Aliados
Sob o controle do Novo Congresso Geral Nacional e Aliados
Sob o controle de forças locais
Sob o controle de forças tuaregues (fonte: WIKI)


TSF, on-line


   A Humanidade que se perde e se transaciona para o Ocidente nas tantas rotas das migrações que sempre ocorrem quando a instabilidade se instala e o perigo ou a fome espreitam.
    A Humanidade que esgota recursos e sofre as consequências, pois se esquece dos ensinamentos e da História.
    Em 1969, o meteorologista Edward Lorenz usava a metáfora que o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo.


Google Sala de Aula
pela Dra. Naraelle Hohensee

Pinturas rupestres, região de Tadrart Acacus, Líbia, 12.000 a.C a 100 d.C.
Pinturas rupestres, região de Tadrart Acacus, Líbia, 12.000 a.C a 100 d.C (foto: Luca Galuzzi, CC BY-SA 2.5)
Os sítios de arte rupestre de Tadrart Acacus sobreviveram por 14.000 anos no deserto do sul da Líbia, mas eles agora estão sob séria ameaça. Desde 2009, o vandalismo tem sido um problema contínuo: pichações foram feitas com spray na superfície de muitas das pinturas, e pessoas gravaram suas iniciais na rocha. Mas apesar dos alertas da UNESCO e de outras organizações para o governo intervir com restaurações e medidas de segurança, os esforços para proteger esse antigo e precioso sítio têm sido gravemente prejudicados por conflitos armados e caos político.


A DEFESA DO POETA
(...)
Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.
(...)

Natália Correia