José Alves, Igreja de Santa Catarina |
É caótica a pólis, e seremos gratos pelo fôlego de gatos que ainda temos. Hoje, viajamos na memória de dias quentes e sedentos de vida.
Nunca leves a tua medida para lugares de milénios, abre-te ao sonho, busca a metáfora, perde-te por aí...que o mundo de roteiros e plásticos pode, apenas, arranhar a superfície.
A Beleza emerge do inusitado, num qualquer recanto sem expectativa. Recordo, então, Paracelso esse suíço-alemão que viveu do século XV para o século XVI e que reflectiu sobre a arte do Amor. Ensinou essa postura tão singela: amar é tão simples, basta aceitar a diferença e livrar-se do estereótipo.
Nenhum dos meus amigos, que visitou Atenas, apreciou a pólis.
Vivi nela dez dias em plena crise do OXI...suja, decadente, com manifestantes, paredes pintadas, taxistas que eram médicos e professores desempregados, turistas ricos e pobres, refugiados da Síria aos magotes, o hotel repleto de militares fugidos da Turquia por causa do golpe fracassado contra o ditador Recep Erdogan, gente anónima nas ruas onde nasceu...
Capital da decadência de uma sociedade de consumo que fracassara, perdida na corrupção e no aproveitamento estrangeiro que, abutre, lhe ía consumindo o espírito e a paz social. Mas, ainda assim, cidade de origem e de conhecimento que acolhia a matriz bela de um retorno à civilização que somos: hino e apelo ao conhecimento e compreensão da nossa essência profunda, eco do passado da Europa tal como a conhecemos.
"Quem nada compreende, nada vale."
"Mas quem compreende também ama, observa, vê..."
José Alves, Kolonaki |
"Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa,"
José Alves, Universidade de Atenas (Edifício Administrativo) |
"tanto maior o amor..."
José Alves, Museu de Numismática |
"Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo,"
José Alves (sim, sou eu e o José Alves), Poseidon, Museu Nacional Arqueológico |
"como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas."
José Alves, Pireus |
Paracelso chamou a esse olhar viciado pelo senso comum, ligeiro e rotineiro, de "olhar em linha recta". Esse olhar é perigoso, na medida em que nos nega a tolerância e a Beleza.
E, porque Paracelso também foi um médico renascentista e nos recomendou, sabiamente:
“Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja veneno. Somente a dose correcta diferencia o veneno do remédio.”
10 comentários:
Obrigado Ana
por esta inesperada viagem
tendo-te como guia
com Paracelso a inspirar-te
Quanto à imagem da cidade
ela antecipa um nosso
futuro próximo
Beijo
Gostei muitíssimo da viagem que nos proporcionou, Ana, mas terei de declinar o Uzo... É que no tempo de Paracelso ainda não havia Varfarina sódica, Gabapentina e Teriparatida e muitas outras substâncias/venenos que prolongam a vida a quem já deve uns anitos à cova, mas que não me atrevo a misturar com bebidas alcoólicas.
Infelizmente, não poderei ter o prazer de quebrar o copo, no final do brinde...
Um beijo!
Que lindo passeio nos proporcionas aqui...
Adorei as fotos e as belas frases cheias de significado!
beijos praianos, chica
Me gusto conoce algunas frases d e Parecelso Te hacen pensar. Te mando un beso.
Atenas é uma cidade incrível.
Estive lá 3 dias, mas foi muito pouco.
Gostei do texto, é excelente.
Boa semana.
beijinhos.
Confesso que fiquei com vontade de ler Paracelso. Este texto levou-me à reflexão que sempre gosto de fazer sobre textos que me tocam. Foi o que aconteceu, minha Amiga Ana.
Tudo de bom.
Uma boa semana.
Um beijo.
Belas fotos, com legendas-pensamentos que nos vão indicando
o caminho a percorrer.
O antigo e o moderno naquela que é o berço da cultura
ocidental, numa viagem muito bem ilustrada.
Obrigada, querida Ana. E ao competente fotógrafo.
Beijinhos
Olinda
Realmente, Atenas não me deslumbrou.
Trepei , por determinação, até ao cimo da Acrópole. Infelizmente, não tenho hipótese de viajar só. No entanto, fujo o mais possível aos roteiros já determinados.
Gostei muito das fotos e do texto.
Beijinhos, Ana, bom resto de Setembro.
A liberdade é também uma forma de conhecimento.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Paracelso reporta-me ás minhas primeiras aulas de 'Físico-Química' no liceu...
Era uma menina, mas não esqueci o nome e a sua ciência algo mágica.
Atenas remete-me para aulas de História Universal, o 'Milagre Grego' -- o berço da Filosofia e da democracia...
Desejo que a Grécia resolva os seus problemas económicos, para que deixe de acudir à sobrevivência e dê às suas antigas pólis a dignidade que merecem.
Agradeço a ambos a ótima reportagem.
Um outono muito feliz. Abraços.
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