Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 31 de março de 2023

31 de Março, em Castelo de Vide

 

Jorge Martins


    Desde há muito tempo que o trimestre da Primavera me escapa. É Sul que me atropela! Silencia-se o blogue, por excesso de vida e, nos últimos anos, também de morte...são de Abril os meus mais queridos. Partiram, assim, entre flores no Outono das suas vidas. Talvez essas memórias íntimas e de pensamento recorrente me bloqueiem o estro rudimentar...
    As escolas atolam-se de burocracia, agitam-se de medos e desconforto, numa profissão que deveria ser livre, na sua beleza diversa, e suficientemente remunerada para atrair os que a amam e precisam, a um tempo, de ganhar o seu pão. Mas tudo se tornou imposição, complicação, desnorte! Curiosamente, os alunos caminham para um analfabetismo de diversas ordens. Sinais dos tempos. 
    O Alentejo clama por mim e o exterior é, agora, o habitáculo por excelência. Jardim, pátio, parque, charneca, planície, meu amor...
    Hoje, deixo apenas o sonho do respeito mútuo, da tolerância, do ar sereno...talvez um pouco triste pelos atropelos da recordação e, também, da memória dos dias da intolerância. O Alentejo não esquece.
 
   



"Desta água não beberei."


domingo, 12 de março de 2023

Lendo Pablo Neruda

 

Maranhão, Alto Alentejo (Janeiro - 2023)


Quero apenas cinco coisas.
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser… sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que me continues olhando.

                                                                                         Pablo Neruda