Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

«Vieram uns sábios...»


Giotto, Capela Arena, Pádua, séc.XIV



«Quando entraram em casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e inclinaram-se para o adorarem. Depois apresentaram o que traziam para lhe oferecer: ouro, incenso e mirra. Então Deus avisou-os por meio dum sonho, para não voltarem a encontrar-se com Herodes. E eles partiram para a sua terra, por outro caminho.» 
                                                                                                                    (Mateus 2:11-12)



É admirável como as narrativas se alteram ao sabor das circunstâncias. O Povo di-lo de modo simples: quem conta um conto, acrescenta um ponto. 
Vem isto a propósito daqueles sábios que terão vindo do Oriente até Jerusalém esclarecer uma velha profecia. Somente um excerto bíblico, esse que transcrevo, nos dá notícia de tal acontecimento. Não nos fala de gruta, não nos diz quantos eram, não lhes atribui nenhum nome e, muito menos uma raça humana. Eram sábios, não necessariamente Reis. 
Sim, conheço os escritos apócrifos. Sim, conheço as primeiras representações romanas existentes no Vaticano. Não, o culto a Mitra não deriva neste relato dos,ditos, três reis magos. 
Se representam o senso messiânico dos sábios, óptimo! 

Basta-nos olhar as primeiras pinturas e a iconografia católica e a ortodoxa, para percebermos que, inicialmente, as representações os mostravam em número variável e da mesma origem étnica. 


Leonardo da Vinci, Uffizi, Florença, séc. XV

E o que dizer do quadro inacabado do génio? Tentação de todos os interpretes...ou deste quadro de Sandro Botticelli, no qual a iconografia assume o rosto dos homens da família Médici? 



Sandro Botticelli, Uffizi, Florença, séc. XV


Hoje, a ideia de «vieram uns sábios» é objecto de plástico ou o que mais se possa vender/comprar.  Esta é a narrativa do nosso tempo: entre o folclore e o descartável. 

Ana




quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Aparências

 «O esperado», Ferdinand Georg Waldmüller

O aparente e o verdadeiro lutam para uma confusão constante. A sociedade ocidental formatou, há muito, o nosso olhar. Um universo de aparências povoa os dias e a autenticidade perde-se num mundo de máscaras hipócritas.  Até quando, alimentaremos teias de ignorância? Até quando, pactuaremos com o hedonismo irresponsável? 
O aparente e o verdadeiro confundem contextos e ideais. Banalidades fúteis e lutas necessárias pelo aperfeiçoamento pessoal e social rivalizam em ambientes improváveis. 
Exigências íntimas sabem que o verdadeiro nem sempre é o óbvio, tal como o nosso olhar não pode observar nenhum smarphone no quadro o «Esperado» do pintor escocês do século XIX - mesmo se, observando a menina, formos tentados a criar analogias.
Existem contextos, da nossa época, que crescem num hediondo e perigoso rumo de confusões. 
O anacronismo instala-se...também nas escolas.


Ana

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

2018 - Tantos são os calendários!

Fátima Marques, «O sentido do Tempo»


Calendário Gregoriano

O Calendário Gregoriano foi promulgado pelo Papa Gregório XIII, em fevereiro de 1582. O marco inicial é o nascimento de Jesus Cristo, no ano 0 a.C. O uso internacional deste calendário não tem motivações religiosas. Como a Europa era a maior exportadora de cultura na Idade Média, convencionou-se usar a marcação de dias estabelecida no Vaticano para facilitar o relacionamento entre as nações. É um calendário solar, ou seja, leva em consideração o ciclo solar. Como o ciclo solar tem 365 e 6 horas, estas horas que “sobram” são acumuladas por quatro anos até serem suficientes para acrescentar um dia num ano, o chamado ano bissexto, que tem 366 dias.

De acordo com o calendário Gregoriano, estamos no ano de 2018.

Calendário Juliano

O Calendário Juliano foi implementado pelo imperador romano Caio Júlio César, em 46 a.C. É basicamente o calendário romano, utilizado até então, com algumas alterações. O imperador pediu para que novo calendário fosse criado porque as festas em comemoração às flores, que deveria acontecer em março – primeiro mês do ano, à época –, contraditoriamente aconteciam no inverno. Assim, o astrônomo Sosígenes sugeriu que os meses Januarius e Februarius passassem a ser os primeiros do ano e que os meses Unodecembris e Decembris foram criados para encerrar o ano.

O calendário Juliano está sempre 13 dias atrás do Gregoriano e ainda é usado por alguns cristãos ortodoxos.

Calendário Chinês

O Calendário Chinês é lunissolar, ou seja, leva em consideração os ciclos do Sol e da Lua. É o mais antigo registo cronológico que se tem registo em toda a história, tendo começado nos primeiros anos de governo do imperador Huang Di, também chamado de Imperador Amarelo, que reinou na China entre 2697 a.C. a 2597 a.C. Além de contar o tempo em anos, o calendário também considera ciclos. Cada ciclo tem doze anos, que recebem os nomes dos animais do horóscopo chinês: Boi, Cão, Carneiro, Cavalo, Coelho, Dragão, Galo, Macaco, Porco, Rato, Serpente, Tigre.

Desde 28 de Janeiro de 2017, estamos no ano 4715 do calendário chinês, o ano do Galo

Calendário Judaico

O Calendário Judaico foi estabelecido pelos hebreus na época do Êxodo, aproximadamente no ano 1447 a.C. Também é lunissolar, já que leva em consideração o ciclo lunar e o ciclo solar, fazendo com que os anos se alternem entre doze e treze meses. É usado pelo povo de Israel há mais de três milénios para a determinação de datas festivas, aniversários, mortes e serviços religiosos.

Actualmente, está no ano 5778.

Calendário Islâmico

O Calendário Islâmico também é conhecido como calendário hegírico, por ter seu marco inicial na Hégira, a fuga do profeta Maomé da cidade de Meca para Medina, no ano de 622 d.C. É um calendário lunar, composto por doze meses de 29 ou 30 dias, formando um ano de 354 ou 355 dias. Os muçulmanos ortodoxos celebram datas religiosas e festivas, como mês do Ramadã ou o Ano Novo Islâmico, de acordo com este calendário.

O calendário islâmico está, actualmente, no ano 1439.

Calendário Juche

Este calendário é utilizado somente na Coreia do Norte, que segue a ideologia Juche, uma mistura de marxismo, leninismo e kimilsunismo (as ideias de Kim Il-sung, primeiro-comandante do país). Os meses, semanas e dias têm a mesma marcação do calendário Gregoriano. A contagem cronológica do Calendário Juche começou em 1912, ano do nascimento de Kim Il-Sung, cultuado quase como uma divindade no país. Os anos anteriores ao nascimento do ex-comandante são grafados com o número, precedido da expressão a.J.

Actualmente, o calendário Juche está no ano 107.

Calendário Etíope

A Etiópia é um país no extremo leste africano, localizado na região conhecida como Chifre Africano. A nação também tem um calendário próprio, que começa no dia 11 de setembro do Calendário Gregoriano. O Calendário Etíope é uma variação do Calendário Juliano e tem doze meses de 30 dias e um mês com apenas seis dias. Outra curiosidade é que a primeira hora do dia, de acordo com o horário etíope, é o nascer do sol.

O ano de 2018 do calendário Gregoriano corresponde ao ano 2010 do calendário Etíope.

Calendário Maia

O famoso e apocalíptico Calendário Maia divide-se em dois: o tzolk’in e o haab’. O tzolk’in era um calendário de 260 dias divididos em 20 meses, utilizado para marcar rituais e datas festivas ou religiosas. O calendário haab’ era utilizado no quotidiano maia, além de servir para marcar as estações para uso na agricultura. Era composto por dezoito meses de vinte dias e um período de cinco dias conhecido como Wayeb’, em que os maias acreditavam que os portais entre os mundos dos vivos e dos mortos se dissolviam e toda a sorte de coisas ruins poderia acontecer.

O haab’ ainda é utilizado por algumas sociedades maias modernas no interior da Guatemala.


(Via Nexo Jornal, 2016, com adaptações minhas)




Já aqui falara disto...

http://raraavisinterris.blogspot.pt/2010/01/tempos-circulares.html





FELIZ 2018, MEUS AMIGOS, COM SAÚDE E PAZ!