Giotto, Capela Arena, Pádua, séc.XIV |
«Quando entraram em casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e inclinaram-se para o adorarem. Depois apresentaram o que traziam para lhe oferecer: ouro, incenso e mirra. Então Deus avisou-os por meio dum sonho, para não voltarem a encontrar-se com Herodes. E eles partiram para a sua terra, por outro caminho.»
(Mateus 2:11-12)
É admirável como as narrativas se alteram ao sabor das circunstâncias. O Povo di-lo de modo simples: quem conta um conto, acrescenta um ponto.
Vem isto a propósito daqueles sábios que terão vindo do Oriente até Jerusalém esclarecer uma velha profecia. Somente um excerto bíblico, esse que transcrevo, nos dá notícia de tal acontecimento. Não nos fala de gruta, não nos diz quantos eram, não lhes atribui nenhum nome e, muito menos uma raça humana. Eram sábios, não necessariamente Reis.
Sim, conheço os escritos apócrifos. Sim, conheço as primeiras representações romanas existentes no Vaticano. Não, o culto a Mitra não deriva neste relato dos,ditos, três reis magos.
Se representam o senso messiânico dos sábios, óptimo!
Basta-nos olhar as primeiras pinturas e a iconografia católica e a ortodoxa, para percebermos que, inicialmente, as representações os mostravam em número variável e da mesma origem étnica.
E o que dizer do quadro inacabado do génio? Tentação de todos os interpretes...ou deste quadro de Sandro Botticelli, no qual a iconografia assume o rosto dos homens da família Médici?
Hoje, a ideia de «vieram uns sábios» é objecto de plástico ou o que mais se possa vender/comprar. Esta é a narrativa do nosso tempo: entre o folclore e o descartável.
Ana
É admirável como as narrativas se alteram ao sabor das circunstâncias. O Povo di-lo de modo simples: quem conta um conto, acrescenta um ponto.
Vem isto a propósito daqueles sábios que terão vindo do Oriente até Jerusalém esclarecer uma velha profecia. Somente um excerto bíblico, esse que transcrevo, nos dá notícia de tal acontecimento. Não nos fala de gruta, não nos diz quantos eram, não lhes atribui nenhum nome e, muito menos uma raça humana. Eram sábios, não necessariamente Reis.
Sim, conheço os escritos apócrifos. Sim, conheço as primeiras representações romanas existentes no Vaticano. Não, o culto a Mitra não deriva neste relato dos,ditos, três reis magos.
Se representam o senso messiânico dos sábios, óptimo!
Basta-nos olhar as primeiras pinturas e a iconografia católica e a ortodoxa, para percebermos que, inicialmente, as representações os mostravam em número variável e da mesma origem étnica.
Leonardo da Vinci, Uffizi, Florença, séc. XV |
E o que dizer do quadro inacabado do génio? Tentação de todos os interpretes...ou deste quadro de Sandro Botticelli, no qual a iconografia assume o rosto dos homens da família Médici?
Sandro Botticelli, Uffizi, Florença, séc. XV |
Hoje, a ideia de «vieram uns sábios» é objecto de plástico ou o que mais se possa vender/comprar. Esta é a narrativa do nosso tempo: entre o folclore e o descartável.
Ana