Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 30 de abril de 2010

30 de Abril

José Alves


Maio debruça-se sobre a planície.
..




( Entre mim e a planície o arame farpado de uma montanha de provas para corrigir.)

domingo, 25 de abril de 2010

Políticos desiludem, a poesia permanece...

wikimédia



Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.


Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.


Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.


Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.


Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.


Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.

Manuel Alegre, o poeta - que fique bem claro!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Lá fora




Hoje o poema há-de ser breve:
Lá fora a vida clama, regurgita...
O sol é sonho e eco, que se atreve
A erguer a voz em hino, e ressuscita.


Ana

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Caos e Sofrimento


Jorge Guinle, Belo Caos

Invenções de Orfeu


Canto III


Poemas relativos



I


Caída a noite
o mar se esvai,
aquele monte
desaba e cai
silentemente.


Bronzes diluídos
já não são vozes,
seres na estrada
nem são fantasmas,
aves nos ramos
inexistentes;
tranças noturnas
mais que impalpáveis,
gatos nem gatos,
nem os pés no ar,
nem os silêncios.


O sono está.
E um homem dorme.


Jorge de Lima (poeta brasileiro)





midiacon.com.br



quarta-feira, 7 de abril de 2010

Minho


Viajo, sem máquinas, numa linha que se estende de Ponte de Lima a Monção. Curvas sobre curvas feitas de dramas e de silêncios. Gente alegre tagarela sobre a Cruz e a Páscoa e flores que crescem no quintal. Couves esguias testemunham palavrões inofensivos de uma linguagem redundante. O vinho espuma sobre a toalha imaculada. Missas e padres e anedotas brejeiras vão diminuindo o pantagruélico pão-de-ló. Risos e lágrimas de histórias antigas. Diminutivos nos nomes e campos desenhados de verde uniforme, intenso e vibrante na garganta do vale. É o Alto Minho.


Lagoas, Ponte de Lima

Ponte de Lima, orgulhosa de anais e História, enche-se de cruzeiros pascais de um roxo perturbador. Vaidades recentes sentam-se nas esplanadas e alinham-se em tribos de linhagens bem definidas. Um mar de carros invadiu o areal e brilha multicolor. Imigrantes e emigrantes, indistintamente, caminham pela margem do Lima e a velha ponte testemunha mais esta passagem.



CM de Monção, Palácio da Brejoeira


Sinais de alguma ruína assomam aqui e ali a recordar outros idos em que palácios se venderam e inscreveram as naturais castas desta terra desigual.
Bebamos esse verde.

Ana


quinta-feira, 1 de abril de 2010

Enigma e libertação


Ilha de Páscoa (infoescola.net)


O que procuramos é a Vida
Libertação clara e sem enigma.


Pessach


Passagem sem vias amargas
Doçura após o termo das pragas.


Dalí, Cristo de São João da Cruz



Não a origem do Deus agónico
Não a neurose do ser atónito.




Astronomia árabe (google)



Busca incessante da origem
Atracção pura da vertigem.


AnaJustificar completamente