Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165
sexta-feira, 30 de abril de 2010
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Sonhar de um dia
José Alves
Os ares cruzando
Pássaro de ferro...
Meus sonhos levando
Bem perto te quero!
Traz meu sorriso,
Meu sonho indeciso...
Um dia passado,
Um dia, amado...
Tua música atroa
Meus loucos sentidos.
Eu sou leme e proa
De mares desconhecidos!
Um dia, uma vida,
Um sonho que nasce,
Uma tarde esquecida...
E a vida que passe!
Ana
Pássaro de ferro...
Meus sonhos levando
Bem perto te quero!
Traz meu sorriso,
Meu sonho indeciso...
Um dia passado,
Um dia, amado...
Tua música atroa
Meus loucos sentidos.
Eu sou leme e proa
De mares desconhecidos!
Um dia, uma vida,
Um sonho que nasce,
Uma tarde esquecida...
E a vida que passe!
Ana
domingo, 25 de abril de 2010
Políticos desiludem, a poesia permanece...
Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.
Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.
Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.
Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.
Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.
Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.
Manuel Alegre, o poeta - que fique bem claro!
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Projecto
Com as cores profanas,
Com os fulgores fugazes
Da minha imaginação
Penetro nos sonhos falazes,
Nas verdades subtis e insanas
Da tua alucinação...
Alma Tadema
Espírito impuro que me ditas
Os domínios sacros da tua posse
Nos sulcos pudicos da tua face!
Tu que me sonhas e meditas
Nesse paradoxal impasse
Entre o projecto terrível e «fosse».
Alma Tadema
Fosse o sonho da tua miséria...
Homem, sorriso e fel e veneno!
Fosse a ternura que recusas e pensas!
Olha, no olhar da vida, a tinta etérea
Do profano falar tão pequeno...
A ditar-te verdades e crenças.
Ana
Homem, sorriso e fel e veneno!
Fosse a ternura que recusas e pensas!
Olha, no olhar da vida, a tinta etérea
Do profano falar tão pequeno...
A ditar-te verdades e crenças.
Ana
Obrigada, Cesc, pela galeria de Alma Tadema.
Alma Tadema
segunda-feira, 19 de abril de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Palavra
Georgia O'Keeffe, Ram'Sltead
Caía serena e mansa no cinzento do dia,
Como um sacramento húmido e puro!
Nem sei porque olhando eu bendizia
O clarão tardio de um ideal maduro.
Tingia-se de luz, qual fruto escuro,
Como um lamento de sol entontecia.
E, procurando na noite meu ideal duro,
A irmã chuva no olhar me amanhecia!
*
*
Caiu serena em gotas de paz e tormento,
Desceu nas palavras suaves e medidas,
Inundou o meu deserto árido e sedento.
*
*
E em mim despontaram esperas perdidas.
Nem sei que ânsia de dar ou que momento
Me levou a desejar riquezas esquecidas!
Ana
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Noite
Kay Sage, The Fourteen Daggers
Ana
É noite na aldeia.
No céu a lua cheia!
Tudo dorme no povoado
E a noite, com seu manto de brocado,
Vai caminhando...
Vai derramando...
Trevas em seu caminho.
E a lua, chorando baixinho,
Fica pensando...
Fica chorando...
Lágrimas de cristal!
Encanto doce, celestial.
É noite na natureza,
Bélica, com singeleza.
Noite triste, noite calma...
É noite na minha alma.
No céu a lua cheia!
Tudo dorme no povoado
E a noite, com seu manto de brocado,
Vai caminhando...
Vai derramando...
Trevas em seu caminho.
E a lua, chorando baixinho,
Fica pensando...
Fica chorando...
Lágrimas de cristal!
Encanto doce, celestial.
É noite na natureza,
Bélica, com singeleza.
Noite triste, noite calma...
É noite na minha alma.
Ana
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Caos e Sofrimento
Jorge Guinle, Belo Caos
Invenções de Orfeu
Canto III
Poemas relativos
I
Caída a noite
o mar se esvai,
aquele monte
desaba e cai
silentemente.
Bronzes diluídos
já não são vozes,
seres na estrada
nem são fantasmas,
aves nos ramos
inexistentes;
tranças noturnas
mais que impalpáveis,
gatos nem gatos,
nem os pés no ar,
nem os silêncios.
O sono está.
E um homem dorme.
Jorge de Lima (poeta brasileiro)
midiacon.com.br
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Minho
Viajo, sem máquinas, numa linha que se estende de Ponte de Lima a Monção. Curvas sobre curvas feitas de dramas e de silêncios. Gente alegre tagarela sobre a Cruz e a Páscoa e flores que crescem no quintal. Couves esguias testemunham palavrões inofensivos de uma linguagem redundante. O vinho espuma sobre a toalha imaculada. Missas e padres e anedotas brejeiras vão diminuindo o pantagruélico pão-de-ló. Risos e lágrimas de histórias antigas. Diminutivos nos nomes e campos desenhados de verde uniforme, intenso e vibrante na garganta do vale. É o Alto Minho.
Ponte de Lima, orgulhosa de anais e História, enche-se de cruzeiros pascais de um roxo perturbador. Vaidades recentes sentam-se nas esplanadas e alinham-se em tribos de linhagens bem definidas. Um mar de carros invadiu o areal e brilha multicolor. Imigrantes e emigrantes, indistintamente, caminham pela margem do Lima e a velha ponte testemunha mais esta passagem.
Sinais de alguma ruína assomam aqui e ali a recordar outros idos em que palácios se venderam e inscreveram as naturais castas desta terra desigual.
Bebamos esse verde.
Ana
Bebamos esse verde.
Ana
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Enigma e libertação
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