Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Que estamos a fazer da Humanidade?

 

Cá de casa - Ana, 2025

   

É esta a hora perfeita em que se cala

O confuso murmurar das gentes

E dentro de nós finalmente fala

A voz grave dos sonhos indolentes.


É esta a hora em que as rosas são as rosas

Que floriram nos jardins persas

Onde Saadi e Hafiz as viram e as amaram.

É esta a hora das vozes misteriosas

Que os meus desejos preferiram e chamaram.

É esta a hora das longas conversas

Das folhas com as folhas unicamente.

É esta a hora em que o tempo é abolido

E nem sequer conheço a minha face.


Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar, 1947 (Poema com referência aos poetas sufis da Pérsia, Saʿdī e Ḥāfiẓ)


    Os meus amigos, que por aqui andam há mais tempo, sabem que tive uma viagem planificada para o Irão/Iraque no Verão de 2020, tendo no ano de 2019 percorrido Israel, territórios disputados, Cisjordânia, com uma incursão nos montes Golã...

    O projecto por cumprir ficou aqui: "Um chá na Pérsia"

https://raraavisinterris.blogspot.com/2020/01/um-cha-na-persia.html

    Conservo esse sonho de um dia ir à velha Pérsia. Não visito países, corro atrás da História. Do resto, falaremos depois...

    Num relance à mais banal das fontes, percebemos o que a, dita, conquista islâmica fez aos velhos textos persas...eles, sim, repositórios dos antigos preceitos, mitos e lendas sobre os quais construímos o nosso saber de europeus do Sul.

Pois...os persas não são árabes.


Literatura persa clássica
Literatura persa pré-islâmica

Sobreviveram muito poucas obras do período Aqueménida, em parte devido à destruição da biblioteca de Persépolis.[3]A maior parte do que ficou consiste nas inscrições reais dos reis Aqueménidas, em particular de Dario I (522-486 a.C.) e do seu filho Xerxes I. Muitos documentos Zoroastrianos foram destruídos aquando da Conquista Islâmica do Irão no século VII. Os Parsis que fugiram para a Índia, no entanto, levaram com eles alguns dos livros do cânone Zoroástrico, incluindo partes da Avestá e antigos comentários (Zenda) a esta. Algumas das obras sobre Geografia e viagens da época Sassânida também sobreviveram, apesar de em traduções para Árabe. Nenhum texto de crítica literária do Irão pré-islâmico sobreviveu. Contudo, alguns ensaios em Persa Médio, tal como o "Ayin-e name nebextan" (Livro dos Princípios de Escrita) e o "Bab-e edteda 'I-ye" (Calila e Dimna), foram considerados como crítica literária (Zarrinkoub, 1959).[4] (WIKI)




12 comentários:

lis disse...

Oi Ana
Gostei de ler sobre a literatura pérsia, quase nada sei a respeito,penso
que sinto-me tão distante e me distraio com as coisas de perto. Obrigada por lembrar-me. que deveria saber e ler sobre a História geral. Muito reflexivo o poema da Sophia Brenner. Um abraço grande., Ana

Maria João Brito de Sousa disse...

Também eu confesso não me recordar de já ter lido poesia/literatura persa...
Esta sua publicação que começa com uma dolorosa interrogação, prossegue com Sophia e nos faz viajar cinco anos em direcção ao passado para nos servir "Um Chá na Pérsia" com direito a uma pintura e um poema, ambos de autores persas, merece bem que lhe fiquemos gratos. Obrigada, Ana!

Um beijo

J.P. Alexander disse...

La cultura persa es muy rica y estamos matándola . Te mando un beso.

São disse...

Para os ignorantes que actualmente detêm o poder mundial - assim como para os imbecis que os elegeram - nada que se relacione com Cultura faz sentido.

O que me dói mais ainda é ver a Europa completamente sem rumo dobrando-se servilmente a uma criatura completamente desequilibrada psicológica e mentalmente.

A mensagem de Rutte a Trump é um asco, só alguém sem coluna vertebral rasteja assim face a uma agressão sem justificação.

Gostei de conhecer o poema.

Abraço, minha amiga.

chica disse...

Muito lindo o poema.Bem escolhido e a foto idem! Quanto à humanidade, ainda falta muito...Pena! beijos, tudo de bom,chica

Fá menor disse...

Belíssima foto. Belíssimo poema. E belíssimo retalho de História. Muito grata.

Beijinhos.

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Ana!
A casa está floridamente bela... gosto da flor.
A literatura é bonita de todo país, a persa não seria diferente.
A tirar pelo poema postado, lindo por sinal, cujo tema é muito do meu agrado, os jardins persas são renomados.
Um post cheio de beleza para ressaltar o mar e o significativo mundo Persa.
Há países que talvez não possamos mais voltar ou sequer conhecer pelo rumo que as coisas vão, querida Ana...
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos

Daniela Silva disse...

Que reportagem encantadora sobre a vivência e o acolhimento no lar da Ana em 2025! 💙 A forma como descreves o ambiente, as rotinas e o cuidado transmite-nos uma tranquilidade inspiradora, quase como se estivéssemos a sentar-nos contigo à mesa. Adorei a atenção aos detalhes e esse toque de ternura que faz do teu texto um verdadeiro abraço em palavras.

💜 Desejo-te uma excelente semana!
Com carinho,
Daniela Silva
🔗 https://alma-leveblog.blogspot.com
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Maria Rodrigues disse...

Infelizmente vivemos num mundo cada vez mais conturbado, frio e calculista.
Lindíssima foto, belo e reflexivo o poema de Sophia Brenner e muito interessante a informação histórica.
Beijinhos

Margarida Pires disse...

Lindo poema de Sophia!
Infelizmente o mundo anda pouco sorridente, que venham dias melhores e com mais sabedoria!
Um beijinho de luz!
💖💗💖Megy Maia

Luiz Gomes disse...

Bom dia e bom final de semana, com muita paz e saúde. Grande abraço carioca. Ana eu sempre tive vontade de conhecer os sítios arqueológicos do Irã e Iraque. Mais confesso, que por motivos religiosos não visitaria nenhum país árabe, não por causa do seu povo, sim pelos seus líderes religiosos, oprimem principalmente as mulheres, com leis absurdas. Esquecem que vieram a esse mundo através de uma mulher. Ingratos.

Juvenal Nunes disse...

Têm um passado carregado de história, mas a velha Pérsia, atual Irão, é notícia pelos piores motivos. Não me parece que seja muito seguro.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes