- QUINTO / NEVOEIRO
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer.
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Fernando PESSOA
11 comentários:
Que mensagem tão actual. Obrigado pela visita e pelos comentários.
Impressão minha ou um certo desalento com o nosso país à conta do governo maravilhoso que elegemos e a crise que carregamos mas nunca quisemos?!
Beijinhos
Não, Sara, nem uma coisa nem a outra e NUNCA deveremos usar a palavra «desalento». Apenas um tributo a Fernando Pessoa e à intemporalidade da Poesia, bem como aos símbolos das gravuras.
Até amanhã e bjs
Belíssima escolha; de uma actualidade irrepreensível.
Neste Centenário -- Não assistiremos a outro: imagino o estado em que o País estará, o mundo até! -- muita gente falou na crise da Iª República lamentando a reprise.
Eu lembro-me -- Ramalho Eanes estava em Belém no seu primeiro mandato -- fala-se imenso da identidade nacional e no desígnios do país, temendo uma crise política/económica tal como a que se arrastou até ao 28 de Maio de 1926.
Bom resto de semana, Ana.
Minha querida
Uma linda mensagem, que nos dias de hoje continua actual.
Deixo um beijinho e o meu carinho de sempre.
Sonhadora
Muita da obra de Fernando Pessoa, nos seus diferentes heterónimos, é actual.
Este poema é um bom exemplo disso.
Eu até acho que continuamos nevoeiro...
Beijos, querida amiga.
Sempre grandioso e actual o "nosso" Pessoa, Ana!
Obrigada por me recordares mais uma vez este GRANDE Senhor!
é hora. com ou sem nevoeiro.
abraço de um vale abraçando Douros.
Fernando Pessoa é intemporal, este poema é mais uma prova disso.
Acho que estamos a deixar passar a hora e começa a ser tarde demais.
Também já estava a tardar a minha vinda aqui para lhe agradecer o apoio na "A Voz das Palavras".
Beijinhos
Ele é o grande de nossa língua. Sem dúvida.
Grande Pessoa, Ana, como gosto de sua alma, de sua complexidade e da beleza de seus versos.
Enviar um comentário