Reuters |
Manifestações nas ruas e confrontos com a polícia, após anúncio de recurso ao FMI.
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Estadão |
Novos pobres, no Japão, recorrem a ajuda alimentar.
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EUA |
Desempregados vivem em cidades de tendas na Califórnia.
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Giotto, O Sonho de Joaquim |
Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
António Gedeão
In Movimento Perpétuo, 1956
12 comentários:
Quando o conceito «Globalização» começou a circular, lembro-mne do entusiasmo à volta da «Aldeia Global»
A coisa era tão benigna que arrepiaria não aderir.
Porém, para pesar de muita gente, o aluvião neoliberal era de tal monta que as benesses prometidas subitamente se transformaram em maior pobreza, menor número de pessoas com acesso à acumulação de cap+itais; desregulação dos mercados financeiros...
À época singraram as teorias de menos-Estado e mais Mercado.
Os bancos, na avidez fiduciária arranjaram um «trinta-um» que foi indispensável o socorro dos Estados Nacionais.
fase da cupidez do dinheiro.
Agora que os estados estão à beira da falência, os «Mercados» andam, esperimentar estados de almas, ora eufóricos, ora deprimidos e a acumular em escalada juros na compra das dívidas soberanas.
Curioso, não é?
Bjs, Ana
Este poema é o máximo! O poema e as fotos remetem-me ao grande Rubem Braga:
"Que importa que uma estrela já esteja morta
se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?"
Bjs, querida Aninha, e uma semana de paz e luz!
Ana:
"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida"
Beleza e verdade se uniram
com encanto e sensibilidade.
Sua visita é sempre um presente.
Beijo
Eles, os novos pobres de este mundo näo sabem nada,näo sabem porqué,näo sabem quem foi, näo sabem se essa situaçäo acabará...
se tornaräo a ser os que eram antes....
Se os seus filhos poderáo comer, vestir, com dignidade, se algma vez näo julgaram esta sociedade loca, egoista, dura como uma pedra.
Será porque näo sabem sonhar, porque sua vida näo têm sonhos?
E nós, podemos fazer alguma coisa para remediá-lo?
Pois, mäos à obra....
Beijinhos, Aninha.
Estamos a atravessar um período de muita convulsão. Com tendência para aumentar.
O poema do Gedeão, por isso, vem muito a propósito.
Um beijo, querida amiga.
Querida Aninha
O sonho comanda a vida, mas para alguns já só existem pesadelos.
Dá para parar e pensar.
Gosto tanto das tuas reflexões.
Lucidez, precisa-se.
Cuidado com o frio, que o Inverno está com pressa de chegar.
Beijinhos com muita amizade.
Isabel
Assim vai este triste mundo.
Mas...
lá vamos...
pelo sonho!
Beijinhos
Vim retribuir a visita e perguntar: o do blog?
E adorei o contraponto das fotos com o lirismo ( mesmo que pertinente) da poesia.
E convidar para ir à parte principal do meu sítio, o bicho-da-mata
Abraço.
ainda temos a arte para ninar nossas ilusões
Desta vez, nem com o sonho lindo de Gedeão lá vamos...Aqui a coisa está
preta...
Beijo
The Japanese vagrants seem to be famous abroad. . .
However, their the part is very rich.
The contradiction.
Thank you.
ruma
Que mundo...
Resta nos sonhar.
Beijinho
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