Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sábado, 15 de abril de 2023

O movimento "Woke" - sugestão de leitura

 



    "Vivemos tempos em que o pasmo se torna rotina. Tomamos o pequeno-almoço com notícias que, não há muito, eram consideradas inverosímeis, política-ficção do pior gosto, que teria arruinado a carreira do mais reputado argumentista.
Professores com processos disciplinares por ensinar que o sexo é determinado por um par de cromossomas, contas de Twitter suspensas por referirem que a relva é verde, violadores condenados que dizem ser mulheres para os transferirem para uma prisão feminina onde violam umas quantas reclusas, estátuas de São Junípero Serra derrubadas por justiceiros descendentes dos puritanos que massacraram os indígenas norte-americanos, mulheres desportistas que veem o seu lugar nas Olimpíadas ocupado por concorrentes com genitália masculina, filmes inocentes desqualificados como se fossem abominações horrendas (agora até o Dumbo é politicamente incorreto!), palavras de sempre que, de um dia para o outro, se transformam em termos proibidos que podem arruinar a nossa carreira ou mesmo a nossa vida… Palavras canceladas. Estátuas canceladas. Livros cancelados e, até, pessoas canceladas. Tudo deve ajustar-se aos moldes do politicamente correto. A pergunta é óbvia: enlouquecemos todos?" (sinopse)

    Vivemos tempos estranhos e não nos poderemos distrair ou, o risco de nos submetermos ao poderoso movimento "Woke" e deixarmos de possuir massa crítica, tomará conta das mentes que ainda ousam pensar.  Segundo o autor, estas pessoas julgam-se moralmente superiores. Se ousarmos discordar, seremos afastados, cancelados de todos os modos possíveis: nas redes, ditas, sociais; no trabalho; nos círculos; nas organizações de toda a ordem... assim, caminhamos   para o pensamento único, para a autoritária doxa de todos os totalitarismos.
    Vivemos num mundo com a argumentação em declínio. Até por os argumentos terem sido substituídos pela vitimização. Já não se procura a melhoria social, mas o proveito pessoal. Se não ousarmos discordar, regrediremos gravemente na História da Humanidade.
  Eliminam-se as palavras, alteram-se os sentidos e ... reescrever os velhos livros tornou-se uma nova ordem Censória! 
    
    Ao acabar a minha leitura, não posso deixar de pensar: professores de Literatura (como eu)...em breve serão cancelados! Tudo o que ensinei, até hoje, vai contra esta nova forma de estar no mundo. Todos os textos foram, de um modo ou de outro, politicamente incorrectos e transgressores...fugas irremediáveis à norma.

Ana

13 comentários:

Elvira Carvalho disse...

O mundo está muito estranho. A humanidade iniciou a rota da sua autodestruição em três níveis essenciais. Pela cultura, pelas armas e pela poluição.
Abraço e saúde

São disse...

Estou verdadeiramente preocupada com o rumo que o Woke está a conseguir dar à sociedade.

Não tanto por mim pois tenho 73 anos e não me calarão, mas , sim, pela geração dos meus netos.

Estas criaturas estão formatando mentes e destruindo tudo.

Estou lendo "A História de uma Serva" como já li há anos "Mil Novecentos e Oitenta e Quatro " e , mais recentemente, "Farenheit 451" e nunca esperei ver o que estou vendo.


Ana, minha amiga, abraço com votos de agradável domingo e boa semana.

Majo Dutra disse...

Gostei de ler a opinião de Jorge Soley, sobre o que ele designa
por 'a cultura do cancelamento'...
Agradeço a sugestão de leitura, querida Ana.
Boa noite e uma semana aprazível. Beijinhos
~~~~~~

Maria João Brito de Sousa disse...

Reduzir a literatura à banalidade do politicamente correcto é matá-la. Não estaremos todos loucos, mas os devotos desta loucura censória aumentaram substancialmente.

Um beijo, Ana!

Graça Pires disse...

Esta coisa a que chamam "politicamente correcto" mexe comigo. Não concordo com a regressão a que chegámos por via de um estranho enlouquecimento da humanidade. Também não é por mim que não estou disposta a agir ou falar de forma diferente, mas por quem tem que lidar com isso e pelas crianças, essas é que viverão num mundo virado de pernas para o ar.
Tudo de bom, minha Amiga Ana.
Um beijo.

Mariazita disse...

Gostei imenso da sinopse do livro de Jorge Soley. Vou tentar adquiri-lo, pois suscitou-me muito interesse. Estou absolutamente de acordo.
Tenho várias professoras na família (incluindo uma filha) e todas se mostram altamente preocupadas com o rumo que a vida (o ensino...) está tomando.

Desculpa ter demorado tanto esta minha visita, mas tenho estado bastante doente. (há mais de duas semanas que não vinha ao blog). Ainda não estou bem, principalmente no que se refere a forças, que me faltam por completo. Mas enfim, com o descanso que o médico me recomendou, tudo há-de voltar ao normal. Espero!!!

Votos de uma feliz Terça Feira e boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS


Guma disse...

É grande a preocupação com o que as crianças e jovens têm pela frente. Tenho filhas e netas e mesmo que não tivesse, gosto de pessoas, e ainda estando por cá e a viver o que não imaginava assistir, sinto-me um pouco perdido. Os valores que aprendi e pelos quais lutei para deixar como legado, dissipam-se, numa mistura de novos e difusos princípios que não compreendo e nunca abraçarei.
Um kandando minha boa amiga.

J.P. Alexander disse...

Estamos condenados a un mundo en que el que piensa se tendrá que calla para no ofender a l idiota que tiene el poder. Y en mundo así es una receta para que el hombre baje su calidad de pensamiento y para su autodestrucción como especie. Te mando un beso.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Boa tarde Ana.

Por vezes sinto medo, pelos tempos estranhos que vivemos.
Sempre fiz da leitura e da escrita a minha fuga para situações menos boas e nunca me dei mal.
Mas sinceramente há coisas que a minha capacidade de entendimento fica sem saber discernir, quando leio muita coisa. Fazem jornalismo que não é jornalismo, depois o que se escreve muitas vezes, são apenas especulações. Desculpe vou parar por aqui.
Gostei bastante desta postagem.
boa semana com saúde e paz.
Beijo
:)

Ana Tapadas disse...

Querido Jaime, por precipitação, a eliminar emails de uma caixa de entrada, habitualmente repleta, eliminei o teu comentário. Peço muitas desculpas.

Aqui fica, o que me foi possível recuperar:
Jaime Portela deixou um novo comentário na sua mensagem "O movimento "Woke" - sugestão de leitura":

JAIME PORTELA.
Sou contra todo e qualquer fundamentalismo, da religião à política, passando pelos comportamentos sociais, etc., etc.
E uma grande parte dos seguidores do movimento woke e das suas posições são mesmo fundamentalistas. E, algumas delas, simultaneamente ridículas.
Mas o problema agudiza-se com a cobertura dita jornalística que dão a alguns acontecimentos, acabando por divulgar ainda mais esta estranha e louca cultura.
Um post interessante e oportuno, gostei de ler.
Continuação de boa semana, minha amiga Ana.
Beijo.

Alécio Souza disse...

Querida Ana,
O seu texto reflete a realidade atual onde tudo o que você disser pode e será usado contra você nos tribunais das redes sociais, no seu trabalho ou na sua vida particular. Aqui no Brasil usamos o termo "mimimi" para criticar o politicamente correto que torna tudo muito chato, engessado e não faz sentido em muitas situações. Eu concordo que muitas atitudes do passado sejam condenáveis hoje em dia, mas há um limite do certo ou errado, acho que opiniões mesmo questionáveis devem ser respeitadas e se não concorda com ela que se use os argumentos corretos para rebater, agora precisamos ter a nossa liberdade de expressão desde que não se ofenda outras pessoas! A verdade é que o mundo anda muito chato, aqui no Brasil criticam até elogios de um homem para uma mulher dizendo que é assédio, onde já se viu isso? Onde vamos parar com tantas regras e tanto retrocesso assim? Complicado! Parabéns pelo seu texto, gostei muito.
Um beijo!

Maria Rodrigues disse...

Vivemos sim tempos estranhos que infelizmente me parece terem tendência para se agravarem.
O livro parece ser muito interessante, obrigado pela partilha.
Beijinhos

CÉU disse...

Está tudo "doido" e os tempos que estamos a viver são esquisitos. Relembro que o PS ganhou com maioria absoluta.
Beijos, Ana!